22 de nov. de 2011

A Morte de Joana

Em uma noite de quarta- feira, no dia 13, às 03:30 da manhã, lá está ela, andando como um defunto, caminhando ao ritmo da morte, flutuando em seu mundo pessoal, sem fazer mal a ninguém.
Com seu vestido preto, botas pretas, olhar cor de mel, pele branca e cabelos negros. Passeando na sua livre inocência, sem pesar algum na consciência, como se ela fosse sozinha no mundo.
Sempre ouvia-se dizer que ela era bruxa, o inferno tocava todas as manhãs em seu rádio, e a vizinhança se escondia temendo algo terrível, ela não prejudicava ninguém, ela vivia em seu próprio mundo.
Mas de repente, o mundo se vira contra ela: queimem a bruxa, arranquem sua cabeça.
De repente o mundo se torna sanguinário: joguem o sangue impuro dela aos porcos, a enterrem como um indigente.
E então o fizeram, ao invés da guilhotina utilizaram a forca, era tão difícil olhar para aqueles olhos, sem sofrimento algum, sem algo para se preocupar, todos se perdiam naquele olhar vazio, como se nem a dor nem o ódio penetrassem em sua alma.

E então ela se foi, num último suspiro, num último grito, suas únicas palavras foram de vingança e então o céu escureceu-se, o chão se abriu, muitos foram engolidos, um desespero agonizante, os insetos comiam vivos aqueles que haviam sobrevivido, um massacre total.
Em uma última visão, pude ver o sorriso dela em seu rosto, talvez nunca houvesse visto, mas eu vi, ela agia de um jeito estranhamente satisfeito, talvez fosse aquilo que ela sempre quis. Depois disso, não vi mais nada, apenas senti uma forte dor no pescoço, acordei no mesmo lugar, ali naquela cidadezinha pacata, agora havia apenas cadáveres mutilados e em um estágio de decomposição avançado.
Ainda hoje eu me lembrava daquele dia, eu me lembrei do rosto de cada um, ainda hoje eu me diverti com os gritos, gritos agonizantes e sufocantes, daqueles que foram massacrados naquela noite, na noite da morte da Joana."

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