28 de dez. de 2014

Circo 7: O lar dos Mortos

Jezebel pensava em como continuar mantendo o circo, de todos os 9 o circo 7 era o que estava atraindo menos público, seu tio Arnaldo que era o líder do Circo 8 costumava dizer que ela não tinha fé o suficiente, que inveja ela tinha dele. O circo 7 ia de mal a pior, não tinha mais funcionários, desde o suicídio do palhaço Miguel as coisas começaram a desandar, uma onda de suicídios abalou os funcionários do circo, como isto virou uma maldição, muita gente abandonou o circo por medo, desde então o mesmo estava inativo, Jezebel ainda tentou voltar o Circo com um espetáculo que ela e sua amiga Natalie inventaram, tal espetáculo consistia em acrobacias incríveis, porém o público não via mais graça, a falta de palhaços para animar o local estava nítida. Natalie chegou ofegante, dizendo que tinha a saída para aquela situação constrangedora. Jezebel comentou meio sem esperanças: “_Não há uma saída, o Circo 7 está acabado.” Mas sua amiga insistiu: “_Você acredita em vodu? Acho que uma velha senhora que mora na esquina da praça Crowley é especialista no assunto, no cartaz de sua casa diz que ela pode resolver qualquer problema.” Jezebel brigou: “_Não acredito no que estou ouvindo Natalie. Onde é que está a sua fé? Por acaso se esqueceu de que nosso único senhor é Baruatã? E além do mais, essa baboseira de vodu é um ritual totalmente ineficaz, quem acredita nisto não merece o meu respeito” Natalie deu de costas: “_Esse nosso senhor que nos abandonou e não nos ajuda mais. Pense bem, temos inteligência para podermos usar e além do mais, se for real, seria uma ajuda muito bem vinda para reerguermos o circo.” Jezebel não concordou e disse que iria dormir um pouco já que hoje não teria espetáculo, mas disse que pela manhã iria anunciar o fim do circo. Natalie estava furiosa andando pela rua, ela pensava consigo mesma: “Se ela não quer reerguer o circo, eu mesma o farei. Irei procurar aquela velhota.” Natalie ao contrário de sua amiga, era capaz de tudo para conseguir seus objetivos e sua fé em Baruatã era quase nula, seu prazer estava apenas em seguir as práticas doentias do grupo em que ela havia ingressado. Natalie era uma moça loira e branca, com seus 22 anos e dona de um corpo magro, era totalmente atraente aos olhos de qualquer homem. Jezebel também era muito bonita e já tinha seus 27 anos, era morena, dona de um corpo esculpido pelos deuses, um doce delírio. As duas combinavam suas performances acrobáticas e excitantes, isto chamou a atenção do público por muito tempo, porém o interesse das pessoas começou a diminuir pelo clima repetitivo, isso sem contar os tarados que iam apenas para arriscar cantadas e tentar pagar por uma noite de sexo, isto deixava Natalie totalmente enojada, porém, Jezebel não era como ela e diversas vezes trocou favores sexuais por dinheiro. Este tinha sido o ápice para Natalie e desde então ela procura por um meio para ressuscitar o circo. Natalie chegou em frente ao estabelecimento que ela procurava. O local era bem descuidado e ao adentrar parecia mais com um buraco do que com uma loja. Fetos dependurados por cordas enfeitavam o teto, crânios humanos serviam como apoio para as velas vermelhas e roxas que queimavam constantemente, Natalie chamou, uma velhinha atravessou uma cortina e caminhou lentamente até a mulher: “_Boa noite senhorita, em que a pobre senhora aqui poderia lhe ajudar?” Natalie contou o que estava havendo e do que ela precisava, acabou contando um pouco mais dando detalhes sobre a onda de suicídios que culminou nisto tudo. A velha senhora pensou por um instante e lhe respondeu: “_E o que quer que eu faça?” Natalie falou: “_Eu preciso que faça o que for possível para que restauremos nosso circo, não tenho vida longe dele.” A velha respondeu: “_Você terá que trocar de lado.” Natalie fez cara de que não entendeu e a feiticeira continuou: “_Você servia a Baruatã, para que eu possa te ajudar você terá que servir e prestar culto à Nekroseth, somente ele pode lhe ajudar.” Natalie pensou por alguns instantes, mas logo resolveu aceitar, pois para ela estas figuras sobrenaturais eram apenas meras representações de fé, mas nada que poderia vir a ser uma ameaça para ela. A velha senhora pegou um livro, um saco com o que pareciam ser cinzas e uma galinha preta dentro de uma gaiola: “_Para que tenha efeito, você deve fazer o ritual às três e meia da manhã. Desenhe uma cruz com um x no meio e um círculo em volta utilizando as cinzas, fixe oito velas, quatro vermelhas em cada ponta da cruz e quatro roxas em cada canto do x, corte o pescoço da galinha e comece o ritual enquanto ela ainda estiver se debatendo, pronuncie as palavras da página 13, você será ajudada por seus antigos amigos que praticaram o suicídio, não me pergunte agora mas você verá como. Eles serão seus servos.” Natalie olhou meio que em dúvida se aquilo daria certo ou não e arriscou uma pergunta: “_Quanto lhe devo?” A velha deu de ombros: “_A mim nada. Mas num futuro próximo você deverá pagar tributos ao poder que o senhor Nekroseth lhe empresta.” Natalie riu da situação, agradeceu a velha e saiu. Natalie chegou em um canto abandonado do circo e fez como a velha lhe dissera. Rapidamente derramou as cinzas formando o desenho engraçado que a bruxa lhe ensinara, logo colocou as velas no local certo, tirou a galinha da gaiola e cortou sua jugular, enquanto a galinha se debatia ao chão com o sangue espirrando pra todos os lados, a mulher começou a ler o ritual: “_Abranchu... Malachi... Terruska... Nekrofelers... Mortis... Eu ordeno que se levantem a se disponham ao meu comando.” Natalie recitou o que estava na página 13 como a velha havia dito, mas nada aconteceu. Ela então começou a rir pensando no quanto tinha sido tola em acreditar em toda aquela história sem pé nem cabeça. Quando ela estava saindo do local, algo estranho aconteceu, de dentro da terra começaram a aparecer mãos decompostas, como aquilo seria possível? Cadáveres de palhaços estavam brotando do chão, era um, dois, de repente tinha uns 10 deles. Natalie observava aquela cena totalmente amedrontada, ela não acreditava que aquilo estava sendo real. Os palhaços caminharam lentamente até a mulher, do corpo deles escorria sangue podre, em seus olhos restavam apenas o vazio da morte, a pele deles estava em um estágio avançado de putrefação. A cada passo que eles davam em direção a ela, era um passo dela para trás. Enquanto andavam, Natalie alcançou a parede que estava por detrás dela e se viu cercada, não tinha forças nem pra gritar, estava em choque, assim que a cercaram os palhaços se ajoelharam perante ela e disseram: “_As suas ordens mestre.” Jezebel estava novamente trocando favores sexuais por dinheiro, assim que seu cliente se satisfez ela recebeu míseros 30 reais. Jezebel revoltada reclamou da quantia, o homem apenas deu de ombros e disse que tinha sido realmente um tédio aquele programa, logo ele saiu fechando a porta atrás de si. Passados alguns segundos, Jezebel ouviu gritos horríveis vindos do lado de fora, o que poderia ter acontecido? A porta de seu trailer logo se abriu, era Natalie, ela chegou empolgada e ofegante dizendo que o circo iria abrir, que ela tinha uma surpresa pela amanhã. Jezebel questionou, mas Natalie apenas acrescentou: “_Amanhã será um novo começo para o Circo 7.” Jezebel riu incrédula diante das palavras da amiga, mas como já era tarde, resolveu ir descansar. Jezebel acordou meio tarde, já se passavam das 13:00 horas, ela olhou o tempo pela janela e se deparou com um clima nublado e chuvoso, então resolveu voltar a dormir. Acordou novamente com muito barulho, como se o Circo estivesse lotado novamente, ela correu até a porta e observou uma multidão no local. A mulher voltou para dentro do trailer, foi até o banheiro e lavou o rosto, pensando se aquilo não seria um sonho. Jezebel se lembrou então das palavras de Natalie, o que ela estaria querendo dizer com aquilo? Jezebel se arrumou e correu até onde estava sendo realizado o espetáculo. No caminho, a mulher deparou-se com Miguel, ou o que ela pensava ter sido o homem, seus olhos estavam brancos, sua pele totalmente decomposta pelo tempo, tinha se tornado uma figura bizarra e assustadora, era algo digno de um filme de terror que poderia provocar pavor até nos mais acostumados a assistirem essas artes. Ela já não sabia se o cumprimentava ou se saia correndo, quando Natalie surgiu por detrás dela e falou: “_Lembra-se de nosso velho amigo, o Miguel?” Jezebel estremeceu, ela não acreditava que aquilo poderia ser real, Natalie completou: “_Eu lhe disse que eu faria com que o circo voltasse a ser o que era, deixe que o espetáculo comece.” Jezebel ainda tentou repreender a irmã, dizendo que aquilo era uma loucura, mas Natalie estava eufórica. Logo Natalie começou a anunciar o espetáculo, os palhaços mortos caminhavam com uma certa dificuldade, tropeçavam, alguns caíam de maneira cômica, o que de certa forma causava risos e aplausos. Os olhos de Natalie estavam brilhando diante daquele retorno, já Jezebel estava contrariada: “_Como isso pode ser possível? Pare agora mesmo com isso, de longe eu conheceria uma obra digna de nosso deus, este espetáculo é uma ofensa à Baruatã” Mas já era tarde, os palhaços zumbis foram até o público e começaram a rasgar a carne deles com os dentes. A comédia e a curiosidade, deu lugar a um banho de sangue e desespero, a correria era imensa e os palhaços se alimentavam com uma fome voraz. Jezebel empurrou a amiga e protestou: “_Veja o que você fez, você acabou com tudo aquilo que construímos, você não é digna de ser uma serva de Baruatã”. Natalie estava furiosa e com certa raiva no rosto disse: “_Baruatã não é e nem nunca foi meu senhor, se devo algo a alguém é a Nekroseth, eu irei acabar nesse momento com toda essa tolice.” Natalie gritou Miguel, este chegou pelas costas de Jezebel e a segurou, Natalie pegou uma faca afiada que estava jogada no canto e começou a dizer: “_Eu poderia fazer uma última oferenda à Baruatã, mas não, eu estou com fome e quero a sua carne minha querida” Jezebel começou a balançar as pernas e a gritar em desespero, mas o palhaço a segurava forte, Natalie enfiou a faca na barriga da amiga e a rasgou horizontalmente, logo enfiou sua mão e arrancou as tripas com força e vontade, aquela carne suculenta serviu de alimento para a mesma, enquanto que Jezebel agonizava nos braços do palhaço. A festa de sangue e podridão continuava, Natalie estava em êxtase, como aquele caos lhe proporcionava prazer, porém algo lhe chamou a atenção, a lona do circo começou a pegar fogo e as suas estruturas começaram a cair em cima de quem ainda estava lá dentro. Natalie correu para fora junto a alguns cadáveres que a acompanhavam, enquanto corria ela tropeçou com o rosto por terra, logo ela se levantou lentamente para voltar a correr quando deu de cara com uma moça desconhecida, esta apenas exibiu um sorriso enigmático e pôs um fim na vida de Natalie com uma facada no coração. Natalie olhou sem entender o porque de tudo aquilo, de sua boca escorreu sangue e enquanto a sua vida ia lentamente embora, o brilho nos olhos da outra moça se tornou mais vivo. Natalie caiu sem vida, os palhaços cadáveres caíram junto dela. A outra moça arrancou a faca que havia cravado no peito da mulher, limpou o sangue e olhou com uma satisfação enorme para o que acontecera ali. Mais um circo acabara de cair pelas suas mãos, seus gosto de sangue se misturou ao ódio que ela nutria por circos e por seu passado, ela não era uma mulher qualquer, ela era uma assassina com um gosto extremo por sangue e morte, ela era a ceifadora de almas circenses, seu nome era Anelize.

A lenda do Circo 8

"Circo 8, diversão para toda a família, tragam suas crianças e venham se divertir conosco, somos os melhores e você irá se surpreender com o que pode encontrar aqui” Este era o slogan que o famoso Circo 8 utilizava em todas as cidades em que passava. Mas agora o Circo 8 estava extinto, era apenas lenda. No circo 8 existia um palhaço chamado Isaac, era grande e forte, mas transmitia alegria para o púbico. Era a principal distração do circo, suas piadas nunca cansavam, além de ser dono de um magnetismo alto para conversar com os outros. Mas isso era apenas quando Isaac estava vestido em sua fantasia, sem a mesma ele incorporava uma personalidade estranha e antissocial. Depois dos espetáculos ele desaparecia e nenhum dos outros palhaços sabia onde o encontrar. Manoel estava em um teste para novos talentos que estava acontecendo no circo. O Senhor Arnaldo era o dono do local e estava observando os vários talentos que tinham ali. Quando foi a vez de Manoel o senhor Arnaldo se impressionou e foi só elogios à performance do jovem, disse que a vaga era dele e que já deveria começar a se apresentar no outro dia. Manoel ficou empolgado diante da situação e foi descansar, pois no outro dia já começaria a sua primeira apresentação na nova casa. Manoel chegou cedo no Circo 8, um rapaz já o aguardava e se apresentou: “_Bom dia, meu nome é Maurício e estou aqui para te apresentar o circo.” Manoel se simpatizou com a recepção do rapaz e logo começaram a andar pelo circo. Ele apresentou quase todos do circo ao Manoel, todos estavam preparando suas maquiagens, naquele circo era um ritual se vestir de palhaço. Não importava se eram trapezistas, malabaristas ou o que fossem, todos eles deveriam se fantasiar, era uma regra. Manoel dizia estar empolgado para começar e que o clima do circo parecia bem agradável. Maurício parou de sorrir por um instante e comentou algo inquietante com Manoel: “_Tenho que te contar algo mas não fique pensando muito sobre isso certo?” Manoel fez que sim com a cabeça e Maurício prosseguiu: “_O palhaço que irá trabalhar junto com você, já possuiu diversos parceiros, na minha contagem você é o décimo que ele terá como auxiliar.” Manoel olhou meio que sem entender o que Maurício queria dizer com aquilo tudo e o rapaz continuou: “_Todos aqueles que trabalharam junto com Isaac desapareceram misteriosamente, ninguém sabe o paradeiro deles, mas uma coisa é certa, é muita coincidência acontecer isto apenas com quem trabalha junto com o Isaac, peço que tenha cuidado e se perceber algo estranho quero que me conte.” Manoel concordou e ficou meio assustado com aquilo tudo que acabara de escutar. Maurício levou Manoel até um trailer que ficava no fundo do circo e disse: “_Te deixo aqui e lhe desejo boa sorte, seu novo parceiro está ai dentro, pode bater à porta, daqui a pouco ele deve te atender.” E assim foi, Manoel bateu à porta e aguardou, logo ouviu passos se aproximando gradativamente da porta, a mesma logo se abriu. Um homem alto e forte o atendeu, tinha uma expressão séria e de poucos amigos, aquele seria mesmo o famoso Isaac? A lenda do Circo 8 era tão sem graça assim? Manoel se apresentou cordialmente e Isaac retribuiu o cumprimento: “_Prazer, meu nome é Isaac, entre e fique à vontade. Eu vou ali no meu quarto me arrumar para o espetáculo e espero que você faça o mesmo. Você pode fazer o que quiser aqui dentro, só te faço um único pedido, em hipótese alguma entre no meu quarto, não gosto que entrem lá, muitos já se arrependeram de ter entrado lá e espero que não ocorra o mesmo com você.” Isaac virou as costas repentinamente e entrou em um compartimento do trailer, enquanto que Manoel ficou ali tremendo com o medo que as palavras do homem transmitira à ele. Manoel estava terminando de se arrumar quando um palhaço super divertido chegou ao seu lado: “_Ei, você que é o Manoel cara de pastel?” Os dois riram e então o palhaço estendeu a mão, quando Manoel apertou um jato de água surgiu de uma flor pendurada na roupa do palhaço e molhou Manoel, os dois riram novamente. Manoel perguntou: “_Essa é muito boa, sempre quis usar ela, mas qual é o seu nome e como entrou aqui?” Ao que o palhaço respondeu: “_Ora, como assim? Sou Isaac, seu parceiro.” Manoel franziu as sobrancelhas sem entender nada, como aquele sujeito mudou tão repentinamente com apenas uma maquiagem pesada sobre a cara? Os dois entraram na arena e começaram a apresentação, todos davam gargalhadas altas, o Senhor Arnaldo se surpreendeu com o carisma e a performance de Manoel, se sua apresentação não era melhor que a de Isaac com toda a certeza se igualavam. A apresentação terminou e foi um sucesso, todos saíram só elogios e diziam que voltariam, o Senhor Arnaldo viu uma nova oportunidade de conseguir mais dinheiro e Manoel seria o responsável por isto. Quando Manoel estava se dirigindo em direção ao trailer, Arnaldo o chamou em um canto: “_Manoel espere, preciso falar com você.” Manoel foi até Arnaldo e o senhor continuou: “_Você tem um grande futuro pela frente Manoel e eu acredito veemente que você possa ser a nossa grande estrela, mas, você seria capaz de fazer qualquer coisa pelo seu sucesso? Seria capaz de vender sua alma ao circo?” Manoel olhou meio sem entender aquilo tudo e respondeu: “_Olhe, eu nem sei o que o senhor está querendo dizer, mas sou cristão e essa coisa de vender a alma não combina muito comigo, digamos que eu daria o sangue pelo circo.” O Senhor Arnaldo riu: “_Não diga estas palavras meu filho, aqui é melhor você dar a sua alma, do que dar o seu sangue.” E riu novamente. Manoel se despediu e caminhou de volta ao trailer. Tinha sido um dia cansativo e Manoel estava dormindo, quando acordou com um pesadelo terrível, vários palhaços tentavam comê-lo vivo, que loucura tinha sido aquele pesadelo. Ele se levantou, lavou o rosto e tomou um pouco de água, quando estava voltando para a sua cama, viu que a porta de Isaac estava entreaberta. A curiosidade do homem falou mais forte e ele empurrou a porta, em seguida ele tampou o rosto e soltou um grito, ele não podia acreditar no que estava vendo, Isaac estava devorando um homem vivo em meio à uma imensidão de velas que já se encontravam banhadas em sangue e no alto do quarto a figura de uma criatura, em baixo da mesma uma faixa escrita com o nome Baruatã. Isaac olhou para trás, ele ainda estava com a fantasia de palhaço, seu olhos agora eram vermelhos e o banho de sangue em sua roupa completava o clima de terror. Isaac pegou uma foice que estava logo ao chão e disparou em direção à Manoel, este fechou a porta e a trancou por fora, logo correu como um louco de dentro do trailer. Manoel encontrou Maurício sentado em um canto e contou tudo o que estava acontecendo, Maurício disse: “_Este é o começo do fim dos nove circos, cairão um por um, você não é o primeiro a vir aqui e me contar o que viu, mas eu vejo o começo do caos, aqueles sobre os quais Baruatã não tem o poder são a verdadeira ameaça para o seu reinado.” Manoel perguntou quem era Baruatã, o que significava aquilo tudo e onde estaria o senhor Arnaldo, Maurício pareceu estar delirando: “_Corra Manoel, você deve correr. Mate Manoel, você deve matar os responsáveis pelo terror. Isaac virá atrás de você, ele quer sua carne, Arnaldo virá atrás de você, ele quer oferecer sua alma à Baruatã, os dois juntos são a alma do Circo 8, os outros palhaços são apenas alimentos da fome insaciável de Isaac por carne humana.” Manoel gritou: “_Onde está o senhor Arnaldo.” Maurício apontou para um trailer que ficava na outra ponta do circo, Manoel agradeceu e correu dali em direção ao trailer. Maurício observava o rapaz correndo ao longe, quando seu próprio sangue começou a jorrar de seu pescoço, ele ainda teve forças para dizer: “_Este é realmente o começo do fim.” Isaac tinha acabado de cortar o pescoço de Maurício, ele parecia alucinado, corria de um lado para o outro à procura de Manoel, alguns palhaços apareceram em sua frente, ele apenas lançou a foice ao encontro do peito de um, e logo acertou o pescoço de outro, os dois que sobraram correram como loucos. Todos os que entravam em sua frente encontravam a morte, o circo virou um caos com palhaços correndo de um lado para o outro em desespero. Enquanto isso, Manoel estava arrombando a porta do trailer de Arnaldo pois o velho não queria abrir. Ele finalmente conseguiu, mas para seu azar Arnaldo estava com uma arma em mão e apontava direto para sua cabeça. Manoel perguntou: “_O que significa isso tudo? Quem é Isaac?” Arnaldo respondeu: “_Isaac é servo de Baruatã, assim como eu. Somos um dos representantes dos nove circos que representam nosso deus, semana passada o Circo 9 caiu, não permitirei que o Circo 8 tenha o mesmo destino, você poderia ter sido grande aqui dentro, teria um futuro brilhante, mas quis continuar em uma fé fraca ao invés de ter o poder que o grande Baruatã poderia lhe conceder.” Manoel cuspiu com nojo ao chão e falou: “_Seu deus não exis...” Manoel parou de falar e começou a vomitar sangue, sua barriga havia sido atravessada, uma lágrima caiu de seu rosto, logo depois foi a vez dele cair. Atrás dele surgiu a figura imponente de Isaac, Arnaldo ficou feliz e foi abraçar o homem: “_Muito bem Isaac, você protegeu o futuro de nosso reinado, como fui tolo em deixar este homem entrar em nosso circo, como...” Arnaldo parou de falar e deu dois passos para trás, enquanto que Isaac o acompanhava em sincronia, quanto mais ele se afastava, mais o palhaço se aproximava dele, Arnaldo caiu, de suas calças jorrava urina, Isaac balançou a cabeça em sinal de desaprovação e então deu um chute na cabeça do velho que desmaiou instantaneamente. Arnaldo acordou no quarto de Isaac, estava preso enquanto Isaac fazia sua oferenda à Baruatã. Arnaldo gritou: “_ O que pensa que está fazendo seu infeliz.” Issac fez o sinal de silêncio e disse: “_Eu quero sua carne e nosso deus quer sua alma.” Começou então a rir desenfreadamente enquanto Arnaldo gritava: “_Traidores, como podem, eu sempre servi à vocês, traidores.” Estas palavras foram interrompidas por gritos de dor e muito sangue. O alimento de Isaac estava servido e Baruatã ganhara uma nova alma. Contam que o Circo 8 pegou fogo, foi um desastre total. Alguns palhaços que sobreviveram à tragédia contavam que Issac havia enlouquecido e matara muitos palhaços naquela noite, logo depois pegou gasolina e espalhou pelo circo. As autoridades o procuravam, pois seu corpo não havia sido encontrado. Este era o fim do circo 8, mas seria o fim do terror? O que seriam os 9 circos? Baruatã era uma figura real ou apenas fantasia de quem o seguia? Bom não sabemos todas as respostas, a única coisa que sabemos é que enquanto Isaac existir, o reinado infernal de Baruatã continuará seu banquete de sangue.