5 de ago. de 2012

Casal Infernal


Já se passavam das dez da noite naquele local escuro e frio, Clara estava amarrada e amordaçada à cadeira, suas lágrimas escorriam por toda a extensão de seu rosto, não havia ninguém por perto naquele momento, talvez ela preferia que fosse assim, antes só do que mal acompanhada. Ela escutou então um barulho vindo do lado de fora, era uma caminhonete, o rosto da garota tomou uma expressão de desespero, tentou se soltar de qualquer jeito, porém não obteve sucesso. Um homem alto, cabelos longos e grisalhos, com uma barba enorme como a de um bárbaro, seu corpo magrelo e raquítico, causavam um certo desconforto a quem o olhasse, aquele olhar sem sentimento, aquela forma brusca e ignorante de lhe dar com os outros, um monstro em pessoa. Logo atrás vinha sua mulher, uma loira linda, que ao contrário de seu marido esbanjava beleza e simpatia, transmitia aos outros ilusões de personalidade, afinal ela não passava de uma assassina fria, ninfomaníaca e sem escrúpulos, fazia tudo o que era necessário fazer para conseguir  o que queria, nenhum obstáculo era demais pra ela.
Pareciam estar satisfeitos pela noite, a mulher olhou para Clara e sorriu dizendo: "_Aproveite seus últimos momentos lindinha, amanhã será sua vez, talvez algumas partes suas nos sirva de café da manhã."
Clara estava apavorada com aquilo, a loira deu-lhe um beijo demorado em seu rosto e adentrou ao seu quarto junto ao seu marido. Clara passou a noite toda ouvindo os barulhos vindos de lá de dentro, transavam como animais, a mulher gritava como louca, como se estivesse apanhando, pouco antes de amanhecer os barulhos se cessaram e Clara adormeceu.
Acordou pela manhã com o homem esbofeteando seu rosto, a loira parecia drogada no canto da sala, gargalhava sem parar, o homem então disse a ela: "_Você tem sorte, parece ser bem divertida, hoje ainda podemos fazer sexo à três, minha mulher irá adorar."
Laura parecia apavorada, o homem então injetou uma droga na veia da garota e a libertou. O velho se aproveitou então da garota, enquanto sua mulher olhava satisfeita toda aquela cena nojenta, o velho fez o que quis e logo depois trancou a garota em um quarto nos fundos que mais parecia uma cela. Trancados junto a ela estavam ossadas humanas, provavelmente pessoas que o casal já havia assassinado. O casal então saiu e disse que procuraria diversão e trariam comida mais tarde para Clara.
Enquanto isso Márcio, o irmão mais velho de Clara  e Helena a sua cunhada, procuravam a garota nos arredores da cidade, Conseguiram algumas informações com uma senhora bem idosa, ela dizia que tinha visto a irmã do rapaz indo com um grupo de amigos para o meio da floresta e desde então não os viu mais. Márcio então pediu ajuda à Paulo que era seu amigo e que já era experiente por fazer acampamentos e por conhecer bem as armadilhas que os caçadores espalhavam por ali. Foram os três à caça de Clara.
Ao cair da noite, o casal de "monstros" adentrou a casa e carregavam o corpo de um homem desfigurado e sem as duas pernas, abriram a cela de Clara e o jogaram lá dentro, o homem ainda parecia ter vida, estava gemendo de dor. A garota totalmente assustada perguntou ao rapaz o que havia se passado e ele entao contou como cada um dos loucos lá fora haviam devorado suas pernas. Clara teve um choque. Do lado de fora o velho dizia para a garota que aquele seria o alimento dela, se ela não  comesse passaria fome, ela agora seria como um bichinho de estimação para os canibais.
Roberto era o nome do rapaz que estava na cela junto à Clara. O rapaz gemeu de dor a noite toda, clamando por piedade, se lamentando pelos seus erros, se lamentando pela vida mesquinha que teve. E chorava e gritava. Clara ficou tão perturbada que pegou um travesseiro que estava com ela e sufocou o rapaz até este não respirar mais. Ela deixou-se então cair para o lado e ria histericamente, seu riso não era de felicidade, mas de loucura, ela não parecia estar mais dentro de si, ela pensava em suícidio, mas não sabia como fazê-lo seus próximos dias talvez poderiam começar a ficarem piores ainda.
Passaram-se alguns dias de tormento, o homem jogado à cela de Clara já havia falecido e o cheiro de decomposição estava insuportável. O casal do lado de fora se excitava sempre com o cheiro e passavam o dia todo praticando excessos. Para Clara aquele seria o inferno e ela estaria ali pagando por todos os seus pecados.
Certo dia o casal saiu e disseram para a garota que iriam atrás de mais alimento e que dessa vez ela tentasse se alimentar, senão morreria de fome e passariam a não dar mais água para a pobre. Saíram então, Clara escutou o típico som do motor da caminhonete deles e percebeu que estes se foram.
Márcio, Paulo e Helena andavam pela floresta, já estava anoitecendo, quando avistaram uma casa, resolveram ir até lá. O Cheiro em volta da mesma era insuportável, chamaram à porta e ninguém veio recebê-los. Do lado de dentro Clara escutou a voz do irmão e gritou por ajuda o mais alto que pôde. Márcio escutou as súplicas da irmã e arrombou a porta do local, percebeu que sua irmã estava presa a algum tipo de cela, arrumou um pé de cabra que havia no canto da sala e quebrou o cadeado. Clara finalmente estaria em liberdade. Pelo menos era assim que pensavam, assim que saíram do local o casal chegou e viu-os fugir.
Desceram da caminhonete, o homem com um machado e a mulher com uma faca e correram como loucos atrás do grupo. Paulo correu tão rápido que o grupo acabou se perdendo do mesmo. Foi quando ele foi pego por uma armadilha de caçador que arracou parte de sua perna, uma armadilha incomum, o sangue jorrava e Paulo gritava. O velho o encontrou e com uma machada no crânio finalizou o sofrimento do rapaz.
Clara corria junto a seu irmão e sua cunhada, quando a garota caiu em um buraco, uma armadilha, pois estava coberto por folhas. Márcio estendeu os braços para puxar sua irmã, assim que ele conseguiu puxá-la, ele viu sua mulher ser esfaqueada por uma loira linda, que aparentemente seria incapaz de realizar tal ato, imóvel ainda ele tomou uma pancada nas costas e desmaiou. Clara correu, correu o mais depressa que pode e desapareceu ao meio do mato, o casal não conseguiu encontrá-la, e como já era noite resolveram levar o irmão da garota, pois ela poderia voltar.
Clara, como uma boa irmã, voltou ao local para resgatar seu irmão, porém ela não poderia se arriscar, tinha de fazer algo. Foi até a caminhonete para ver se encontrava algo para usar como arma, como encontrou apenas um galão de gasolina, fósforo e o corpo de sua cunhada e de Paulo, armou um plano.
Passaram-se alguns minutos a caminhonete se consumiu em chamas e causou uma explosão barulhenta. O velho saiu sozinho da casa e deixou sua mulher tomando conta de Márcio. Um corpo caiu ao seu lado, era o de Paulo, logo outro corpo caiu de cima do telhado também, era o corpo de Helena, o velho riu e perguntou: "_Esta tentando brincar comigo garota, escolheu a pessoa errada para brincar, temos seu irmão conosco e podemos fazer ele sofrer muito antes de morrer e você não quer isso quer...?"
O velho mal terminou de falar e uma pedra enorme acertou em cheio a sua cabeça, o que fez com que ele caísse. Tentou levantar meio cambaleante, foi quando este levantou a cabeça e viu a sua frente uma garota dominada pela fúria acertar em cheio o meio do seu crânio, o sangue espirrou sobre a face de Clara que deixou soltar um grito e logo depois correu para algum canto. Dentro da casa a loira parecia apavorada, chamava pelo seu velho, porém num súbio momento começou a se esfregar no rapaz preso na cadeira, ela dizia a ele que o suspense e o medo a excitavam, ela disse a ele que queria fazer sexo com ele ali mesmo. Foi quando Clara adentrou a casa, a loira parou então e ameaçou Márcio com uma faca.
Clara então mostrou para a loira uma seringa, que continha a droga que eles injetavam nela e em si mesmos. Ela disse a loira que poderiam os três sentirem prazer juntos e transar como loucos, Márcio sem entender nada se desesperou com aquele tom frio da irmã e queria sair dali de alguma maneira. A loira vendo a fobia do rapaz, gostou da idéia e foi em direção à garota, largou a faca e recebeu a dose da droga, caiu nos braços de Clara e começou a beijá-la, a garota então jogou a loira ao chão e saiu por alguns segundos, voltou com a cabeça de seu velho desfigurada, jogou nas mãos da loira, porém esta não se desesperou, ela parecia ter gostado daquilo, passando aquela cabeça ensaguentada no meio de suas pernas, uma cena extremamente doentia, Clara quase vomitou vendo aqulo, levantou o machado e cortou um dos braços da loira que parecia se divertir e se excitar cada vez mais, a garota em desespero levantou o machado mais diversas vezes, cortando a mulher em várias partes e mesmo assim não parava, as gargalhadas de excitação da mulher haviam dominado sua mente. Márcio então soltou um grito e Clara voltou a si. Pediu desculpas ao irmão e o libertou. Saíram os dois correndo daquele local, estava amanhecendo o dia, contaram sua versão à polícia e tudo se esclareceu. A explicação de várias mortes misteriosas estavam ali. Porém na cabeça da pobre Clara as coisas nunca mais seriam as mesmas, aquelas cenas grotescas e doentias ficariam para sempre presas em sua mente. Pelo menos ela ainda podia contar com seu irmão e tentar levar uma vida no mínimo normal.
E o casal, teria ido para o inferno? Se tivessem ido, teriam eles se agradado do local? Coisas que nem Clara nem ninguém poderia ter certeza. Mas o que eles sabiam eram que aqueles monstros nunca mais os incomodariam. Pelo menos em vida. Depois da morte, ninguém sabe.

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