3 de jun. de 2015

Sangue Impuro

Azrael se escondeu em meio as sombras daquele beco escuro. Ele aguardava impaciente, para que a moça linda que ele vinha observando nos últimos dias, passasse ali por perto.
Ele ouviu passos, seus olhos começaram a brilhar enquanto seus lábios tremiam. Ele não podia mais esperar, assim que ela se aproximou ele a puxou pelo braço. Seus dentes foram de encontro ao pescoço de Karliane, o sangue da moça infestava a boca do jovem vampiro, ele sugava com vontade. Ela já estava pálida nos braços de Azrael, quando este a soltou e ela caiu ao chão. O vampiro estava prestes a dar um golpe para que ela não acordasse mais, porém um grupo de jovens que corriam ali por perto gritaram: "_O que você está fazendo ai, saia de perto da moça." Eles correram na direção de Azrael, este se escondeu nas sombras novamente. Alguns se separaram para encontrar o algoz da garota, mas não obtiveram sucesso. Um deles ficou ali esperando para proteger a garota, enquanto chamava uma ambulância.
Já era dia quando Karliane acordou, ainda estava meio zonza. A enfermeira que estava ali olhava assustada para ela: "_O que aconteceu com você afinal? Algum maluco fez isto com você?" Karliane parecia confusa, sua audição estava bastante aguçada, de seu quarto ela conseguia ouvir o que estava sendo dito na recepção e os passos no corredor estavam fazendo sua mente entrar em colapso. Ela deu um grito e desmaiou, os aparelhos indicavam que ela havia falecido, os médicos correram com urgência para tentar salvar a garota, mas não obtiveram sucesso.
Duas horas da madrugada. Este foi o horário em que os guardas correram para o necrotério para ver o que estava acontecendo, pois o alarme de lá havia disparado. Encontraram um legista morto, com um bisturi enfiado em seu olho direito, além de ter muita bagunça no local. Quem quer que estava ali, jogou tudo pro alto e devia estar com uma raiva imensa. Procuravam vestígios de quem poderia ter feito aquilo, mas conseguiram apenas constatar que um corpo desaparecera. Era o cadáver de Karliane.
Azrael estava a espreita de mais uma nova vítima, ele estava em um beco escuro, esperando para que alguma bela moça passasse ali por perto. Ele escutou um choro, alguém parecia estar gemendo de dor. Azrael se espantou, encontrou uma moça recolhida em um canto, ela estava nua e abandonada no meio do nada. Pensou consigo mesmo: "Mais uma ótima refeição, prato feito." Quando ele foi avançar contra ela, a garota pulou em seu pescoço e deu uma mordida. Um grito rápido se perdeu pela noite. A mulher saiu rapidamente para o lado fazendo vômito, enquanto Azrael a amaldiçoou: "_ O que estava tentando fazer sua piranha? Meu sangue é impuro como o seu, nós não devemos beber o sangue um do outro, você não conhece as regras?"A garota voltou a se recolher em um canto e começou a chorar compulsivamente. Ele então achou graça: "_Mas claro, como eu não pensei nisso antes. Você é aquela garota que eu não consegui dar um fim na noite anterior, você acabou passando pela fase de transformação. Bom, como você não é conhecida por nenhum vampiro, eu posso acabar com você sem que saibam que feri nosso código de ética."
Gritos de um suposto padre silenciou a noite: "_Curve-se diante do poder de Deus filho de satanás, eu finalmente te encontrei. As vítimas de nossa cidade já não mais existirão, pois o poder de nosso Senhor irá acabar com o seu reinado de terror. Saia de perto desta pobre moça." Azrael achou graça: "_Do que está falando senhor? Esta não é uma pobre moça indefesa e o meu reinado de terror não será parado por uma criatura insignificante como você." O suposto padre ergueu uma cruz de madeira, ela parecia bem afiada na ponta: "_Curve-se diante do poder de Deus." Azrael caminhou sorridente até o homem, segurou no pescoço do mesmo e apertou forte: "_Seu Deus não existe e se existir ele não tem poder contra mim." Aquele que aparentava ser um padre estava sufocado, mas teve forças para erguer a cruz de madeira no alto e abaixar com força no lado esquerdo do peito do vampiro, este soltou o homem e foi cambaleando meio sem rumo até uma parede ali perto. O "padre" ainda exclamou sorridente: "_Glória ao mais alto dos céus, um dos colaboradores de Lúcifer acaba de cair." O corpo de Azrael desapareceu com um grande feixe de luz, enquanto se escutou um grito de horror equivalente à um sacrifício suíno.
Após o ocorrido, o suposto padre pegou a mulher que estava caída ali perto pelos braços. Enquanto pegava ela, ele comentou: "_Não se preocupe, eu irei te ajudar. Eu..." Ele então parou de falar, ficou perplexo com o que viu. A garota tinha um brilho vampiresco no olhar, olhar este que estava fixado nas veias do pescoço do homem, mas já era tarde pra se perceber coisa alguma. O sangue das veias do "padre" se transformaram em uma farta refeição vampiresca.
Em um dos becos da cidade de Altiva, uma bela prostituta esperava por alguém que pudesse saciar seus desejos. Vários foram os que procuraram por seus serviços, estavam dispostos a pagar por dinheiro para uma noite regada a sexo e luxúria, mas acabavam pagando com sangue por um misto de agonia e morte. Um novo cliente procurava pelos serviços daquela bela mulher, ela sorridente e com um brilho nos olhos mostrava sua beleza radiante, ela estava pronta para uma nova noite luxuriosa. Seu nome, Karliane.

1 de jun. de 2015

Obsessão Lasciva

Eu estava ali, ao lado do corpo dela. Minhas mãos sujas de sangue, uma faca caída bem ao lado. Em seu estômago várias marcas de perfurações. Sua jugular estava com um corte terrível, seus olhos estavam sem o ar da vida. Entrei em desespero, o que eu fazia ali ao lado do corpo de Suzi? Quem fez aquilo? Fui eu? Fazia algum sentido, afinal ela tinha me magoado profundamente. Mas porque eu não me lembrava?
Por um instante me lembrei de como tudo começou. Eu sou advogado e minha vida sempre foi um tanto quanto agitada por causa dos casos que eu defendia. Até que um dia, ela chegou em meu escritório. Ela trajava um short minúsculo e uma blusinha que deixava sua barriga à mostra, além de tornar seu decote altamente atraente. Fiquei hipnotizado com aquela cena. A mulher então me chamou à realidade: "_Bom dia doutor Wallace, meu nome é Suzi, eu preciso dos serviços de um profissional e me disseram que o senhor era o melhor da região." Fiquei lisongeado diante de tal elogio, afinal ela era uma mulher muito bela e já conquistara minha atenção de todas as formas. Agradeci o elogio e com seriedade perguntei o que ela procurava em meus serviços. Ela prontamente me respondeu: "_Tenho sido ameaçada de morte constantemente por meu marido, quer dizer logo será ex-marido, ele não para de me perserguir. Nâo aceita o fato de que o nosso amor acabou faz algum tempo. Mas isso não vem exatamente ao caso, na verdade vim procurar seu serviço, porque eu quero o divórcio." Expliquei pra ela todo o processo de divórcio e recomendei que fôssemos à polícia prestar queixa sobre as ameaças, mas ela me repreendeu dizendo que ele apenas dizia tudo da boca pra fora, que ele não era homem o suficiente. Percebi um certo tom de maldade em suas palavras, mas a sua beleza e a forma como movimentava o corpo, me deixou meio sem atenção à esse tipo de detalhe. Ela então completou: "_Eu vim apenas dizer que quero que o senhor tome conta deste caso para mim, eu ando meio sem tempo para resolver estas coisas, mas para que possamos conversar melhor, o senhor atende horário de almoço?" Eu geralmente não atendo ninguém no meu horário de almoço, mas aquela mulher era linda e tinha me deixado que nem uma criança quando ganha doce. Então propuz que poderíamos ir almoçar juntos no outro dia, falei sobre a comida maravilhosa que preparavam no restaurante que ficava do outro lado da rua e que dessa forma ela teria bastante tempo de me contar tudo. Ela assentiu e assim o foi.
No outro dia, lá estávamos nós almoçando. Dessa vez, ela estava com uma calça Jeans e uma camiseta mais discreta, mas mesmo assim nada conseguia esconder sua beleza. Ela falava de forma culta e impecável, era bastante inteligente e sagaz em tudo o que dizia, acho que eu estava começando a ficar apaixonado em apenas observá-la. Nosso assunto tinha começado com o caso de seu divórcio, mas logo se desviou para assuntos mais pessoais, como a vida dela e a minha. Eu, um homem solteiro, que quase não tinha tempo para relacionamentos. Ela, uma mulher insatisfeita com a sua vida de casada, porque segundo ela seu marido ficava devendo em sexo, carinho e atenção. Fiquei um tanto pasmo ao ver que a nossa conversa estava evoluindo em um nível tão rápido, ela já estava me falando até sobre sua vida sexual e as traições que fez. Ficamos conversando ali por mais ou menos duas horas.
Três horas, foi mais ou menos esse tempo que levamos para ir até o apartamento dela e ter um dia regado a sexo e whyski. Já era noite, aquele tinha sido um dia maravilhoso, mas eu percebi que algo incomodava Suzi, perguntei o que era e ela me contou uma história: "_Sabe Wallace, meu marido não é o único que me atormenta ultimamente. Aílton, que é o homem com quem traí Victor, vive atrás de mim, me ligando vinte e quatro horas por dia. Não ando tendo sossego, ele diz que não consegue me esquecer, tenho medo de isso prejudicar meu divórcio. Tem também o Brendon, grande amigo meu, já tivemos relações sexuais e ele vive me dizendo que seria capaz de tudo por mim, até mesmo matar, quando disse que Victor vinha me ameaçando, ele disse que iria matá-lo. Tenho tanto medo de algum desses fatos terminarem em tragédia." Escutei mais algumas outras histórias dela, que para mim não tinham tanta importância quanto estas.
Continuei a me encontrar com Suzi por praticamente uma semana, todos os dias eu tinha sexo com aquela mulher, ela era linda e me satisfazia como ninguém, eu estava praticamente apaixonado, ela tinha conseguido roubar meu coração em tão pouco tempo, todos os instantes do meu dia eu esperava para que pudesse encontrá-la novamente. Até que em uma terça-feira eu liguei e ela estava chorando aos soluços, dizendo que não poderia me encontrar mais, estava tudo acabado e ela procuraria outro advogado, ainda tentei falar algo para que ela mudasse de opinião e ela desligou na minha cara. Fiquei revoltado diante daquele fato, o que estava acontecendo afinal? Eu fiz algo que pudesse ter deixado ela assim? Fiquei mal e não sabia como agir.
Esperei um dia completo para voltar a ligar, mas ela não me atendia. Fui até o seu apartamento e ninguém me atendeu. O que significava aquilo? O porteiro me informou que ela tinha ido morar com o marido novamente. Fiquei muito nervoso, eu não sabia o que pensar ou fazer. Caminhei meio sem rumo, desorientado e com o coração partido. Porque ela iria querer voltar com ele? Logo ela, que parecia estar se dedicando tanto a mim. Passei na frente de uma banca e vi uma foto dela nos jornais. Pensei o pior ao ler a matéria: "Marido é assassinado em sua residência e sua esposa é a principal suspeita."
Aquilo tudo mexeu comigo profundamente. Ela seria capaz de matar seu marido? Fui ao apartamento de Suzi novamente no outro dia, ela me atendeu finalmente, mas chegou com uma cara de poucos amigos: "_O que o senhor deseja?" Minha resposta na hora foi: "_Isto é jeito de me tratar? Queria saber se está bem, ou o que eu fiz. Estávamos tão bem e de repente não quer mais me ver." Ela respondeu: "_Estou cansada dos homens, são todos malucos. Eu quero apenas sexo, amor eu tenho a hora que eu quiser e onde eu quiser de homens bem mais interessantes que você, não preciso do seu. Por favor, nossa relação não passa de sexo não confunda as coisas doutor." Veio um homem por detrás dela e me ameaçou: "_Cai fora trouxa." Sai dali arrasado, como ela pode ser assim, como ela pôde fazer isso comigo. Enquanto eu caminhava, eu me lembrei de algo estranho que eu não havia percebido e agora me veio à mente. Suzi tinha uma sujeira vermelha nas mãos, sujeira esta que me lembrou sangue. Senti um leve arrepio percorrer por minha espinha, mas acho que foi apenas mais outra maluquice de minha mente.
Era manhã quando meu telefone tocou. Atendi apressadamente, pois eu fiquei a noite toda ali acordado, esperando algum telefonema de desculpas. Inacreditavelmente era Suzi me ligando, ela me pediu para ir até o seu apartamento, pois ela tinha uma surpresa. Corri feito louco de minha casa, cheguei bufando na porta de seu apartamento, ela abriu o mesmo com um brilho nos olhos e me deu um beijo caloroso: "_Sente-se, preciso de um favor." Quando me sentei, ela se sentou em uma cadeira logo à frente e mudou de fisionomia ao começar a falar: "_Doutor Wallace, Aílton matou meu marido e está me ameaçando de morte, o senhor teve o desprazer de escutar ele te ameaçando ontem. Eu fui obrigada a falar tudo aquilo para você porque ele estava me ameaçando, eu não poderia correr riscos. Ele saiu hoje à noite e disse que iria assassinar Brendon, pois ele não me deixa em paz, preciso muito que o senhor me ajude a colocar um fim nisso." Perguntei como eu poderia ajudar, eu não sabia o que fazer, ela então completou: "_Precisamos matar Aílton, só assim poderemos ser felizes juntos." Eu não concordei, disse que aquilo era loucura demais. Ela então veio até mim, tirou toda a sua roupa e sentou por cima de mim dizendo: "_Serei toda sua para sempre, você quer isto não quer?" Fiquei sem reação por um momento, mas o prazer falou mais forte, deixei-me levar por aquele momento e fizemos sexo loucamente naquela noite. Era madrugada quando acordei com um "bip" do seu telefone. Cuidadosamente me levantei e fui me certificar que o celular iria parar de fazer barulho para não acordá-la. Involuntariamente eu li o que estava escrito em seu celular, era uma mensagem do Brendon dizendo: "E aí, o trouxa já está pronto para matar seu amante. Nós assassinamos o trouxa do seu marido sem deixar suspeitas, afinal o Aílton fez todo o trabalho sujo por você. Eu estive pensando em um plano aqui, se você conseguir que este advogadozinho de merda mate o Aílton, nós podemos acabar com isto dando um veneno para ele tomar como forma de arrependimento pelos crimes que ele supostamente cometeu, não seria fantástico amor? Beijos, amanhã nos vemos."
Não sei expressar a raiva e o asco que senti naquele momento, meu sangue ferveu, eu perdi até a noção do tempo. E de repente eu estava ali, com um cadáver ao meu lado, muito sangue espalhado à minha volta. Corri para o banheiro, tirei o sangue que estava em mim e corri em direção à saída. Eu não sabia o que fazer, fiquei desorientado, só cheguei em minha casa e tomei alguns comprimidos de um remédio para dormir.
Acordei hoje e estava péssimo. Corri para o banheiro e vomitei muito, ainda continuei fazendo vômito, porém não tinha mais nada para sair. Fiquei deprimido a tarde toda no sofá do canto da sala, eu não sabia o que fazer, toda vez que escutava alguém passando no corredor de fora de meu apartamento, eu já imagina sendo a polícia vindo me buscar.
Já era noite quando resolvi ligar a tv. Então eu tive uma surpresa agradável, pelo menos para mim. A polícia estava colocando dentro da viatura um rapaz, o mesmo que tinha chamado minha atenção no apartamento de Suzi, no dia que ela me disse algumas palavras 'pesadas'. O rapaz estava sendo acusado pelo assassinato da mulher, pois foi encontrado chorando ao lado do corpo dela e com a faca do crime em mãos. Outro fato que me causou espanto, foi o nome que o repórter mencionou, aquele era o Brendon e não o Aílton como ela me fizera acreditar. De certa forma senti um alívio, misturado à uma satisfação que eu cogitei ser doentia, mas logo pensei no que estavam planejando contra mim e tratei de me conformar.
Dias depois, eu vi no jornal o tal Aílton. Ele estava louco, chorando aos soluços dizendo que ia matar Brendon pelo que ele fez. O repórter ainda informou que Aílton confessou o assassinato do marido de Suzi, dizendo que fez tudo por amor à ela. Fiquei inconformado em como aquele rapaz tinha sido cego, mas logo refleti, eu também teria caído na mesma história se não houvesse lido a mensagem.
Resolvi apagar tudo o que lembrava Suzi de minha mente, afinal eu tinha uma vida toda pela frente. Eu queria ficar bem longe de todo relacionamento que eu pudesse ter, queria ficar sozinho por muito tempo. Fiz uma reforma em meu escritório, terminei de comprar a coleção dos livros do Stephen King que eu tanto gostava de ler, tirei férias por dois meses. Agora eu estava ali, em meu escritório, para voltar ao trabalho, sem relacionamentos pessoais ou até mesmo sexuais com qualquer pessoa, estava ali apenas pelo profissionalismo. O dia tinha sido cansativo, eu já estava de saída para ir descansar, pois estava cheio de compromisso pro outro dia, quando uma morena linda adentrou o escritório, dizendo com uma voz um tanto angelical: "_Doutor Wallace, preciso de sua ajuda, me disseram que o senhor é o melhor da região." Um tanto quanto admirado e sem jeito eu respondi: "_Eu já estou de saída, volte outro dia." Ela respondeu com uma voz de choro: "_Por favor, eu quero me separar do meu marido, ele não me dá mais o prazer que ele me dava, o senhor não poderia me ajudar?" Meio exitante eu respondi: "_Vamos jantar no restaurante que tem do outro lado da rua, eu estou faminto, mas você deve ser breve, estou bem cansado." Ela então assentiu e fomos. Enquanto caminhávamos pensei comigo mesmo: "Essas mulheres ainda me matam."

21 de mai. de 2015

Terra Rara

"_É impossível de obter o que me pede..." - declarou Lucas.
Nayara permanecia impassível, afinal fizeram uma proposta milionária para ela se conseguisse pelo menos, uma caneca cheia da famosa terra rara da ilha de Milescus...
Lucas continuava sua revolta: "_Eu não quero ir pra esse lugar, contam histórias terríveis de lá..."
Nayara declarou: "_O que contam da ilha de Milescus é apenas lenda... Você não terá seu corpo possuído por uma legião de espíritos malignos só por entrar em contato com um pouco de terra, como espalham por ai... A famosa Terra Rara de Milescus, foi palco do nascimento da poderosa Vívith, feiticeira que desapareceu a tempos... Portanto é uma lenda idiota, eu te pago duzentos milhões de reais e lhe dou sua aposentadoria, se conseguir pelo menos uma copo cheio daquela porcaria de terra de que tanto comentam..."
Lucas nem precisou pensar muito para aceitar, afinal era uma proposta tentadora...
Uma semana se passou desde a última conversa que tiveram... Aquele era o dia da chegada de Lucas, Nayara estava eufórica... Afinal, o dono de uma empresa famosa tinha lhe prometido "rios" de dinheiro em troca da famosa Terra Rara...
Lucas abriu a porta do escritório... O rapaz estava bem arrumado, sem sinal algum de algo anormal... Nayara perguntou: "_Muito bem, onde está a terra???"
Lucas abaixou a cabeça, balançando a mesma em silêncio... Começou a rir por um momento e parou bruscamente... Vomitou um bocado de terra no chão e começou a falar em uma língua totalmente irreconhecível...
Nayara estava imóvel, não conseguia ter forças pra gritar, de seus olhos escorriam lágrimas... Lucas se aproximou dela ainda falando em outro idioma...
A mão direita de Lucas levantou o queixo de Nayara e várias vozes disseram juntas: "_Aqui está a sua terra..."
E com um beijo, Lucas passou toda a terra de seu corpo para Nayara... Lucas caiu ao chão sem vida, Nayara começou a se balançar freneticamente, colocou as duas mãos sobre a própria cabeça e olhou para um prego que estava na parede... Com um sorriso alucinado nos lábios e o desespero no olhar, seu globo ocular foi penetrado lentamente por um prego enferrujado... O sangue da mulher se misturou às suas lágrimas e a uma porção de terra que parecia agora fazer parte de seu corpo...
A mulher acordou horas depois amarrada em uma cama... Cruzes, velas e imagens religiosas infestavam o espaço em que ela se encontrava... O dono da empresa que lhe prometeu uma fortuna exorbitante estava ao seu lado e clamava com alegria: "_Você é a prova viva de que a famosa Terra Rara de Milescus tem um poder demoníaco... Seu olho direito está profundamente destruído, você nem está respirando e continua consciente graças ao poder desta terra que dizem ser impossível de obter... Lhe concedi a maior fortuna do mundo, você é imortal... Você me concederá a maior fortuna do mundo, afinal a Igreja paga bem para quem contribui com suas pesquisas científicas e paranormais... Adeus minha cara..."
E com a felicidade estampada no rosto, Adalberto deixou aquela igreja... E foi com o mesmo sorriso no rosto, que recebeu a recompensa milionária que lhe prometeram...

28 de dez. de 2014

Circo 7: O lar dos Mortos

Jezebel pensava em como continuar mantendo o circo, de todos os 9 o circo 7 era o que estava atraindo menos público, seu tio Arnaldo que era o líder do Circo 8 costumava dizer que ela não tinha fé o suficiente, que inveja ela tinha dele. O circo 7 ia de mal a pior, não tinha mais funcionários, desde o suicídio do palhaço Miguel as coisas começaram a desandar, uma onda de suicídios abalou os funcionários do circo, como isto virou uma maldição, muita gente abandonou o circo por medo, desde então o mesmo estava inativo, Jezebel ainda tentou voltar o Circo com um espetáculo que ela e sua amiga Natalie inventaram, tal espetáculo consistia em acrobacias incríveis, porém o público não via mais graça, a falta de palhaços para animar o local estava nítida. Natalie chegou ofegante, dizendo que tinha a saída para aquela situação constrangedora. Jezebel comentou meio sem esperanças: “_Não há uma saída, o Circo 7 está acabado.” Mas sua amiga insistiu: “_Você acredita em vodu? Acho que uma velha senhora que mora na esquina da praça Crowley é especialista no assunto, no cartaz de sua casa diz que ela pode resolver qualquer problema.” Jezebel brigou: “_Não acredito no que estou ouvindo Natalie. Onde é que está a sua fé? Por acaso se esqueceu de que nosso único senhor é Baruatã? E além do mais, essa baboseira de vodu é um ritual totalmente ineficaz, quem acredita nisto não merece o meu respeito” Natalie deu de costas: “_Esse nosso senhor que nos abandonou e não nos ajuda mais. Pense bem, temos inteligência para podermos usar e além do mais, se for real, seria uma ajuda muito bem vinda para reerguermos o circo.” Jezebel não concordou e disse que iria dormir um pouco já que hoje não teria espetáculo, mas disse que pela manhã iria anunciar o fim do circo. Natalie estava furiosa andando pela rua, ela pensava consigo mesma: “Se ela não quer reerguer o circo, eu mesma o farei. Irei procurar aquela velhota.” Natalie ao contrário de sua amiga, era capaz de tudo para conseguir seus objetivos e sua fé em Baruatã era quase nula, seu prazer estava apenas em seguir as práticas doentias do grupo em que ela havia ingressado. Natalie era uma moça loira e branca, com seus 22 anos e dona de um corpo magro, era totalmente atraente aos olhos de qualquer homem. Jezebel também era muito bonita e já tinha seus 27 anos, era morena, dona de um corpo esculpido pelos deuses, um doce delírio. As duas combinavam suas performances acrobáticas e excitantes, isto chamou a atenção do público por muito tempo, porém o interesse das pessoas começou a diminuir pelo clima repetitivo, isso sem contar os tarados que iam apenas para arriscar cantadas e tentar pagar por uma noite de sexo, isto deixava Natalie totalmente enojada, porém, Jezebel não era como ela e diversas vezes trocou favores sexuais por dinheiro. Este tinha sido o ápice para Natalie e desde então ela procura por um meio para ressuscitar o circo. Natalie chegou em frente ao estabelecimento que ela procurava. O local era bem descuidado e ao adentrar parecia mais com um buraco do que com uma loja. Fetos dependurados por cordas enfeitavam o teto, crânios humanos serviam como apoio para as velas vermelhas e roxas que queimavam constantemente, Natalie chamou, uma velhinha atravessou uma cortina e caminhou lentamente até a mulher: “_Boa noite senhorita, em que a pobre senhora aqui poderia lhe ajudar?” Natalie contou o que estava havendo e do que ela precisava, acabou contando um pouco mais dando detalhes sobre a onda de suicídios que culminou nisto tudo. A velha senhora pensou por um instante e lhe respondeu: “_E o que quer que eu faça?” Natalie falou: “_Eu preciso que faça o que for possível para que restauremos nosso circo, não tenho vida longe dele.” A velha respondeu: “_Você terá que trocar de lado.” Natalie fez cara de que não entendeu e a feiticeira continuou: “_Você servia a Baruatã, para que eu possa te ajudar você terá que servir e prestar culto à Nekroseth, somente ele pode lhe ajudar.” Natalie pensou por alguns instantes, mas logo resolveu aceitar, pois para ela estas figuras sobrenaturais eram apenas meras representações de fé, mas nada que poderia vir a ser uma ameaça para ela. A velha senhora pegou um livro, um saco com o que pareciam ser cinzas e uma galinha preta dentro de uma gaiola: “_Para que tenha efeito, você deve fazer o ritual às três e meia da manhã. Desenhe uma cruz com um x no meio e um círculo em volta utilizando as cinzas, fixe oito velas, quatro vermelhas em cada ponta da cruz e quatro roxas em cada canto do x, corte o pescoço da galinha e comece o ritual enquanto ela ainda estiver se debatendo, pronuncie as palavras da página 13, você será ajudada por seus antigos amigos que praticaram o suicídio, não me pergunte agora mas você verá como. Eles serão seus servos.” Natalie olhou meio que em dúvida se aquilo daria certo ou não e arriscou uma pergunta: “_Quanto lhe devo?” A velha deu de ombros: “_A mim nada. Mas num futuro próximo você deverá pagar tributos ao poder que o senhor Nekroseth lhe empresta.” Natalie riu da situação, agradeceu a velha e saiu. Natalie chegou em um canto abandonado do circo e fez como a velha lhe dissera. Rapidamente derramou as cinzas formando o desenho engraçado que a bruxa lhe ensinara, logo colocou as velas no local certo, tirou a galinha da gaiola e cortou sua jugular, enquanto a galinha se debatia ao chão com o sangue espirrando pra todos os lados, a mulher começou a ler o ritual: “_Abranchu... Malachi... Terruska... Nekrofelers... Mortis... Eu ordeno que se levantem a se disponham ao meu comando.” Natalie recitou o que estava na página 13 como a velha havia dito, mas nada aconteceu. Ela então começou a rir pensando no quanto tinha sido tola em acreditar em toda aquela história sem pé nem cabeça. Quando ela estava saindo do local, algo estranho aconteceu, de dentro da terra começaram a aparecer mãos decompostas, como aquilo seria possível? Cadáveres de palhaços estavam brotando do chão, era um, dois, de repente tinha uns 10 deles. Natalie observava aquela cena totalmente amedrontada, ela não acreditava que aquilo estava sendo real. Os palhaços caminharam lentamente até a mulher, do corpo deles escorria sangue podre, em seus olhos restavam apenas o vazio da morte, a pele deles estava em um estágio avançado de putrefação. A cada passo que eles davam em direção a ela, era um passo dela para trás. Enquanto andavam, Natalie alcançou a parede que estava por detrás dela e se viu cercada, não tinha forças nem pra gritar, estava em choque, assim que a cercaram os palhaços se ajoelharam perante ela e disseram: “_As suas ordens mestre.” Jezebel estava novamente trocando favores sexuais por dinheiro, assim que seu cliente se satisfez ela recebeu míseros 30 reais. Jezebel revoltada reclamou da quantia, o homem apenas deu de ombros e disse que tinha sido realmente um tédio aquele programa, logo ele saiu fechando a porta atrás de si. Passados alguns segundos, Jezebel ouviu gritos horríveis vindos do lado de fora, o que poderia ter acontecido? A porta de seu trailer logo se abriu, era Natalie, ela chegou empolgada e ofegante dizendo que o circo iria abrir, que ela tinha uma surpresa pela amanhã. Jezebel questionou, mas Natalie apenas acrescentou: “_Amanhã será um novo começo para o Circo 7.” Jezebel riu incrédula diante das palavras da amiga, mas como já era tarde, resolveu ir descansar. Jezebel acordou meio tarde, já se passavam das 13:00 horas, ela olhou o tempo pela janela e se deparou com um clima nublado e chuvoso, então resolveu voltar a dormir. Acordou novamente com muito barulho, como se o Circo estivesse lotado novamente, ela correu até a porta e observou uma multidão no local. A mulher voltou para dentro do trailer, foi até o banheiro e lavou o rosto, pensando se aquilo não seria um sonho. Jezebel se lembrou então das palavras de Natalie, o que ela estaria querendo dizer com aquilo? Jezebel se arrumou e correu até onde estava sendo realizado o espetáculo. No caminho, a mulher deparou-se com Miguel, ou o que ela pensava ter sido o homem, seus olhos estavam brancos, sua pele totalmente decomposta pelo tempo, tinha se tornado uma figura bizarra e assustadora, era algo digno de um filme de terror que poderia provocar pavor até nos mais acostumados a assistirem essas artes. Ela já não sabia se o cumprimentava ou se saia correndo, quando Natalie surgiu por detrás dela e falou: “_Lembra-se de nosso velho amigo, o Miguel?” Jezebel estremeceu, ela não acreditava que aquilo poderia ser real, Natalie completou: “_Eu lhe disse que eu faria com que o circo voltasse a ser o que era, deixe que o espetáculo comece.” Jezebel ainda tentou repreender a irmã, dizendo que aquilo era uma loucura, mas Natalie estava eufórica. Logo Natalie começou a anunciar o espetáculo, os palhaços mortos caminhavam com uma certa dificuldade, tropeçavam, alguns caíam de maneira cômica, o que de certa forma causava risos e aplausos. Os olhos de Natalie estavam brilhando diante daquele retorno, já Jezebel estava contrariada: “_Como isso pode ser possível? Pare agora mesmo com isso, de longe eu conheceria uma obra digna de nosso deus, este espetáculo é uma ofensa à Baruatã” Mas já era tarde, os palhaços zumbis foram até o público e começaram a rasgar a carne deles com os dentes. A comédia e a curiosidade, deu lugar a um banho de sangue e desespero, a correria era imensa e os palhaços se alimentavam com uma fome voraz. Jezebel empurrou a amiga e protestou: “_Veja o que você fez, você acabou com tudo aquilo que construímos, você não é digna de ser uma serva de Baruatã”. Natalie estava furiosa e com certa raiva no rosto disse: “_Baruatã não é e nem nunca foi meu senhor, se devo algo a alguém é a Nekroseth, eu irei acabar nesse momento com toda essa tolice.” Natalie gritou Miguel, este chegou pelas costas de Jezebel e a segurou, Natalie pegou uma faca afiada que estava jogada no canto e começou a dizer: “_Eu poderia fazer uma última oferenda à Baruatã, mas não, eu estou com fome e quero a sua carne minha querida” Jezebel começou a balançar as pernas e a gritar em desespero, mas o palhaço a segurava forte, Natalie enfiou a faca na barriga da amiga e a rasgou horizontalmente, logo enfiou sua mão e arrancou as tripas com força e vontade, aquela carne suculenta serviu de alimento para a mesma, enquanto que Jezebel agonizava nos braços do palhaço. A festa de sangue e podridão continuava, Natalie estava em êxtase, como aquele caos lhe proporcionava prazer, porém algo lhe chamou a atenção, a lona do circo começou a pegar fogo e as suas estruturas começaram a cair em cima de quem ainda estava lá dentro. Natalie correu para fora junto a alguns cadáveres que a acompanhavam, enquanto corria ela tropeçou com o rosto por terra, logo ela se levantou lentamente para voltar a correr quando deu de cara com uma moça desconhecida, esta apenas exibiu um sorriso enigmático e pôs um fim na vida de Natalie com uma facada no coração. Natalie olhou sem entender o porque de tudo aquilo, de sua boca escorreu sangue e enquanto a sua vida ia lentamente embora, o brilho nos olhos da outra moça se tornou mais vivo. Natalie caiu sem vida, os palhaços cadáveres caíram junto dela. A outra moça arrancou a faca que havia cravado no peito da mulher, limpou o sangue e olhou com uma satisfação enorme para o que acontecera ali. Mais um circo acabara de cair pelas suas mãos, seus gosto de sangue se misturou ao ódio que ela nutria por circos e por seu passado, ela não era uma mulher qualquer, ela era uma assassina com um gosto extremo por sangue e morte, ela era a ceifadora de almas circenses, seu nome era Anelize.

A lenda do Circo 8

"Circo 8, diversão para toda a família, tragam suas crianças e venham se divertir conosco, somos os melhores e você irá se surpreender com o que pode encontrar aqui” Este era o slogan que o famoso Circo 8 utilizava em todas as cidades em que passava. Mas agora o Circo 8 estava extinto, era apenas lenda. No circo 8 existia um palhaço chamado Isaac, era grande e forte, mas transmitia alegria para o púbico. Era a principal distração do circo, suas piadas nunca cansavam, além de ser dono de um magnetismo alto para conversar com os outros. Mas isso era apenas quando Isaac estava vestido em sua fantasia, sem a mesma ele incorporava uma personalidade estranha e antissocial. Depois dos espetáculos ele desaparecia e nenhum dos outros palhaços sabia onde o encontrar. Manoel estava em um teste para novos talentos que estava acontecendo no circo. O Senhor Arnaldo era o dono do local e estava observando os vários talentos que tinham ali. Quando foi a vez de Manoel o senhor Arnaldo se impressionou e foi só elogios à performance do jovem, disse que a vaga era dele e que já deveria começar a se apresentar no outro dia. Manoel ficou empolgado diante da situação e foi descansar, pois no outro dia já começaria a sua primeira apresentação na nova casa. Manoel chegou cedo no Circo 8, um rapaz já o aguardava e se apresentou: “_Bom dia, meu nome é Maurício e estou aqui para te apresentar o circo.” Manoel se simpatizou com a recepção do rapaz e logo começaram a andar pelo circo. Ele apresentou quase todos do circo ao Manoel, todos estavam preparando suas maquiagens, naquele circo era um ritual se vestir de palhaço. Não importava se eram trapezistas, malabaristas ou o que fossem, todos eles deveriam se fantasiar, era uma regra. Manoel dizia estar empolgado para começar e que o clima do circo parecia bem agradável. Maurício parou de sorrir por um instante e comentou algo inquietante com Manoel: “_Tenho que te contar algo mas não fique pensando muito sobre isso certo?” Manoel fez que sim com a cabeça e Maurício prosseguiu: “_O palhaço que irá trabalhar junto com você, já possuiu diversos parceiros, na minha contagem você é o décimo que ele terá como auxiliar.” Manoel olhou meio que sem entender o que Maurício queria dizer com aquilo tudo e o rapaz continuou: “_Todos aqueles que trabalharam junto com Isaac desapareceram misteriosamente, ninguém sabe o paradeiro deles, mas uma coisa é certa, é muita coincidência acontecer isto apenas com quem trabalha junto com o Isaac, peço que tenha cuidado e se perceber algo estranho quero que me conte.” Manoel concordou e ficou meio assustado com aquilo tudo que acabara de escutar. Maurício levou Manoel até um trailer que ficava no fundo do circo e disse: “_Te deixo aqui e lhe desejo boa sorte, seu novo parceiro está ai dentro, pode bater à porta, daqui a pouco ele deve te atender.” E assim foi, Manoel bateu à porta e aguardou, logo ouviu passos se aproximando gradativamente da porta, a mesma logo se abriu. Um homem alto e forte o atendeu, tinha uma expressão séria e de poucos amigos, aquele seria mesmo o famoso Isaac? A lenda do Circo 8 era tão sem graça assim? Manoel se apresentou cordialmente e Isaac retribuiu o cumprimento: “_Prazer, meu nome é Isaac, entre e fique à vontade. Eu vou ali no meu quarto me arrumar para o espetáculo e espero que você faça o mesmo. Você pode fazer o que quiser aqui dentro, só te faço um único pedido, em hipótese alguma entre no meu quarto, não gosto que entrem lá, muitos já se arrependeram de ter entrado lá e espero que não ocorra o mesmo com você.” Isaac virou as costas repentinamente e entrou em um compartimento do trailer, enquanto que Manoel ficou ali tremendo com o medo que as palavras do homem transmitira à ele. Manoel estava terminando de se arrumar quando um palhaço super divertido chegou ao seu lado: “_Ei, você que é o Manoel cara de pastel?” Os dois riram e então o palhaço estendeu a mão, quando Manoel apertou um jato de água surgiu de uma flor pendurada na roupa do palhaço e molhou Manoel, os dois riram novamente. Manoel perguntou: “_Essa é muito boa, sempre quis usar ela, mas qual é o seu nome e como entrou aqui?” Ao que o palhaço respondeu: “_Ora, como assim? Sou Isaac, seu parceiro.” Manoel franziu as sobrancelhas sem entender nada, como aquele sujeito mudou tão repentinamente com apenas uma maquiagem pesada sobre a cara? Os dois entraram na arena e começaram a apresentação, todos davam gargalhadas altas, o Senhor Arnaldo se surpreendeu com o carisma e a performance de Manoel, se sua apresentação não era melhor que a de Isaac com toda a certeza se igualavam. A apresentação terminou e foi um sucesso, todos saíram só elogios e diziam que voltariam, o Senhor Arnaldo viu uma nova oportunidade de conseguir mais dinheiro e Manoel seria o responsável por isto. Quando Manoel estava se dirigindo em direção ao trailer, Arnaldo o chamou em um canto: “_Manoel espere, preciso falar com você.” Manoel foi até Arnaldo e o senhor continuou: “_Você tem um grande futuro pela frente Manoel e eu acredito veemente que você possa ser a nossa grande estrela, mas, você seria capaz de fazer qualquer coisa pelo seu sucesso? Seria capaz de vender sua alma ao circo?” Manoel olhou meio sem entender aquilo tudo e respondeu: “_Olhe, eu nem sei o que o senhor está querendo dizer, mas sou cristão e essa coisa de vender a alma não combina muito comigo, digamos que eu daria o sangue pelo circo.” O Senhor Arnaldo riu: “_Não diga estas palavras meu filho, aqui é melhor você dar a sua alma, do que dar o seu sangue.” E riu novamente. Manoel se despediu e caminhou de volta ao trailer. Tinha sido um dia cansativo e Manoel estava dormindo, quando acordou com um pesadelo terrível, vários palhaços tentavam comê-lo vivo, que loucura tinha sido aquele pesadelo. Ele se levantou, lavou o rosto e tomou um pouco de água, quando estava voltando para a sua cama, viu que a porta de Isaac estava entreaberta. A curiosidade do homem falou mais forte e ele empurrou a porta, em seguida ele tampou o rosto e soltou um grito, ele não podia acreditar no que estava vendo, Isaac estava devorando um homem vivo em meio à uma imensidão de velas que já se encontravam banhadas em sangue e no alto do quarto a figura de uma criatura, em baixo da mesma uma faixa escrita com o nome Baruatã. Isaac olhou para trás, ele ainda estava com a fantasia de palhaço, seu olhos agora eram vermelhos e o banho de sangue em sua roupa completava o clima de terror. Isaac pegou uma foice que estava logo ao chão e disparou em direção à Manoel, este fechou a porta e a trancou por fora, logo correu como um louco de dentro do trailer. Manoel encontrou Maurício sentado em um canto e contou tudo o que estava acontecendo, Maurício disse: “_Este é o começo do fim dos nove circos, cairão um por um, você não é o primeiro a vir aqui e me contar o que viu, mas eu vejo o começo do caos, aqueles sobre os quais Baruatã não tem o poder são a verdadeira ameaça para o seu reinado.” Manoel perguntou quem era Baruatã, o que significava aquilo tudo e onde estaria o senhor Arnaldo, Maurício pareceu estar delirando: “_Corra Manoel, você deve correr. Mate Manoel, você deve matar os responsáveis pelo terror. Isaac virá atrás de você, ele quer sua carne, Arnaldo virá atrás de você, ele quer oferecer sua alma à Baruatã, os dois juntos são a alma do Circo 8, os outros palhaços são apenas alimentos da fome insaciável de Isaac por carne humana.” Manoel gritou: “_Onde está o senhor Arnaldo.” Maurício apontou para um trailer que ficava na outra ponta do circo, Manoel agradeceu e correu dali em direção ao trailer. Maurício observava o rapaz correndo ao longe, quando seu próprio sangue começou a jorrar de seu pescoço, ele ainda teve forças para dizer: “_Este é realmente o começo do fim.” Isaac tinha acabado de cortar o pescoço de Maurício, ele parecia alucinado, corria de um lado para o outro à procura de Manoel, alguns palhaços apareceram em sua frente, ele apenas lançou a foice ao encontro do peito de um, e logo acertou o pescoço de outro, os dois que sobraram correram como loucos. Todos os que entravam em sua frente encontravam a morte, o circo virou um caos com palhaços correndo de um lado para o outro em desespero. Enquanto isso, Manoel estava arrombando a porta do trailer de Arnaldo pois o velho não queria abrir. Ele finalmente conseguiu, mas para seu azar Arnaldo estava com uma arma em mão e apontava direto para sua cabeça. Manoel perguntou: “_O que significa isso tudo? Quem é Isaac?” Arnaldo respondeu: “_Isaac é servo de Baruatã, assim como eu. Somos um dos representantes dos nove circos que representam nosso deus, semana passada o Circo 9 caiu, não permitirei que o Circo 8 tenha o mesmo destino, você poderia ter sido grande aqui dentro, teria um futuro brilhante, mas quis continuar em uma fé fraca ao invés de ter o poder que o grande Baruatã poderia lhe conceder.” Manoel cuspiu com nojo ao chão e falou: “_Seu deus não exis...” Manoel parou de falar e começou a vomitar sangue, sua barriga havia sido atravessada, uma lágrima caiu de seu rosto, logo depois foi a vez dele cair. Atrás dele surgiu a figura imponente de Isaac, Arnaldo ficou feliz e foi abraçar o homem: “_Muito bem Isaac, você protegeu o futuro de nosso reinado, como fui tolo em deixar este homem entrar em nosso circo, como...” Arnaldo parou de falar e deu dois passos para trás, enquanto que Isaac o acompanhava em sincronia, quanto mais ele se afastava, mais o palhaço se aproximava dele, Arnaldo caiu, de suas calças jorrava urina, Isaac balançou a cabeça em sinal de desaprovação e então deu um chute na cabeça do velho que desmaiou instantaneamente. Arnaldo acordou no quarto de Isaac, estava preso enquanto Isaac fazia sua oferenda à Baruatã. Arnaldo gritou: “_ O que pensa que está fazendo seu infeliz.” Issac fez o sinal de silêncio e disse: “_Eu quero sua carne e nosso deus quer sua alma.” Começou então a rir desenfreadamente enquanto Arnaldo gritava: “_Traidores, como podem, eu sempre servi à vocês, traidores.” Estas palavras foram interrompidas por gritos de dor e muito sangue. O alimento de Isaac estava servido e Baruatã ganhara uma nova alma. Contam que o Circo 8 pegou fogo, foi um desastre total. Alguns palhaços que sobreviveram à tragédia contavam que Issac havia enlouquecido e matara muitos palhaços naquela noite, logo depois pegou gasolina e espalhou pelo circo. As autoridades o procuravam, pois seu corpo não havia sido encontrado. Este era o fim do circo 8, mas seria o fim do terror? O que seriam os 9 circos? Baruatã era uma figura real ou apenas fantasia de quem o seguia? Bom não sabemos todas as respostas, a única coisa que sabemos é que enquanto Isaac existir, o reinado infernal de Baruatã continuará seu banquete de sangue.

22 de out. de 2013

Maria Padilha

Era uma noite escura e fria, já se passavam das 11 da noite. Helen estava a caminho da casa de sua avó. Chegou na porta e chamou, porém ninguém atendeu. A garota chamou mais algumas vezes e nada de alguém responder. Helen resolveu entrar na casa de sua avó, caminhou em direção à sala, chamou novamente mas ninguém respondeu. A garota resolveu ir até o quarto da avó, chegando lá, encontrou algumas pessoas saindo do quarto, todas vestidas de médico. O local estava visualmente diferente, parecia mais como um banheiro sujo do que um quarto. Uma mulher branca, de cabelos negros se encontrava chorando com uma das mãos entre o rosto e com um bisturi em mãos. Helen caminhou em direção à mulher para perguntar o que estava acontecendo, foi quando a mulher tirou a mão do rosto e virou para a garota dizendo em tom agressivo: "_Olhe o que você fez, olhe. Você irá pagar, todos irão pagar." O rosto da mulher estava horrível, sua face estava super pálida, seu olho esquerdo estava dependurado por um nervo, seu outro olho era nitidamente azul. A mulher então deu um último grito: "_Irei matar todos vocês." A mulher avançou contra Helen, a garota estava tremendo de medo e suando frio, ela não conseguia se mover, enquanto que a mulher lançou o bisturi de encontro ao olho da garota e em tom lento ia perfurando o globo ocular da pobre.
Já era manhã. Helen acordou desesperada. Por sorte, tinha sido tudo um sonho, um terrível sonho que finalmente teve um fim. Seu namorado acordou com o grito que ela deu ao acordar, perguntando preocupado o que havia acontecido. Helen contou cada detalhe e estranhamente Júlio dizia ter tido um sonho com uma mulher parecida com a que a garota descreveu. Helen soltou uma risada dizendo: "_Estamos ficando loucos e paranóicos. Aquilo que fizemos foi apenas uma brincadeira, pois a lenda de Maria Padilha é apenas lenda, não devemos ficar com isso na cabeça, estamos parecendo crianças de 6 anos." Júlio não era de total acordo: "_Não sei Helen, vamos até a casa de sua avó, ver como estão sua irmã  e o seu primo. Ontem eu não lhe contei, mas Edgar estava me dizendo que estava tendo sonhos frequentes com a mulher que sonhamos hoje, não seria uma coincidência muita estranha?" Helen deu de ombros: "_Estamos sendo apenas crianças infantis e assustadas."
Chegando na casa da avó, perceberam que algo estranho acontecera. A polícia estava no local. Antonieta, a irmã de Helen, chorava aos soluços na porta. Edgar, o primo de Helen estava morto. Aparentemente parecia assassinato, porém não encontraram vestígios para que alguém pudesse ser o culpado. Não havia digitais, não havia pistas, não havia motivos. Porém, é muito estranho deduzir que alguém amarrou uma corda no pescoço e se enforcou até quase arrancar a própria garganta. A avó de Helen estava horrorizada, se encontrava em choque. Helen perguntou: “_Vovó, a senhora está bem?” A velha respondeu: “_Ela irá matar todos vocês, pois vocês são os jovens idiotas que acordaram a Maria Padilha.” Helen se espantou com o que a avó acabara de falar, afinal ninguém mais sabia do que haviam feito, a não ser ela, o namorado, Edgar que havia morrido e Antonieta. Júlio completou: “_Viu só, eu sabia que não era uma boa ideia brincar com estas coisas.” Helen deu de costas: “Isto foi tudo um mal entendido, afinal Edgar já era depressivo, pra mim foi suicídio e eu não ligo se ele o fez, acho tão idiota isto. Ele acaba de deixar a família triste por ele e isto é desumano.”
Já era manhã, todos os policiais haviam saído do local, o corpo agora estava em um caixão, em volta desse caixão muitas pessoas tristes. Familiares e amigos lamentavam a perda de um ser tão querido para eles. Alguns diziam: “_Pobrezinho, a depressão acabou com ele.” Outros ainda: “_Tão jovem, acabando assim com a própria vida, que desperdício.” Helen estava lá ao lado de Júlio. Apesar de se esconder por trás de uma jovem dura e sem sentimentos, ela estava profundamente triste com o que tinha acontecido. Por um momento Helen sentiu um calafrio na espinha, uma voz conhecida sussurrou em seu ouvido: “_É apenas o começo.” A garota virou rápido para trás e não viu ninguém. Ao seu lado ela ouviu uma jovem lamuriando: “_Que inveja eu tenho do Edgar, queria eu ter coragem para fazer o mesmo.” A mesma voz que sussurrou falou para a garota: “_Simples, eu o faço por você.” Helen se virou para ver o que estava acontecendo. A cena era horrível. A mulher rasgava o pescoço da garota com violência e prazer. Dos olhos da garota caíam rios de lágrimas, enquanto que a sua assassina ria freneticamente. A mulher então empurrou a garota para o lado, esta caiu sem vida em meio todo aquele “mar vermelho” que escapou de sua artéria. Helen olhou para a assassina e teve um sobressalto. Era a mesma mulher de seu sonho. Seu olho esquerdo permanecia dependurado por um nervo, do mesmo jeito que estava no último sonho. A mulher como sempre com suas vestes de paciente e um ódio de dar medo estampado em seu rosto. Ela então gritou: “_Mais uma se foi, olhe você mesmo Helen, tente me dizer se você será capaz de sobreviver. Irei arrancar seu nervo óptico sem anestesia e você sofrerá as dores do inferno.” Após a fala da mulher, a garota que estava supostamente morta se levantou. Helen não a havia conhecido da primeira vez, pois esta possuía um capuz sobre o rosto, porém dessa vez ela retirou o capuz. Para horror de Helen, era sua irmã, esta falou para Helen engasgando em seu próprio sangue: “_Veja só o que fizemos. Vovó tinha razão, Edgar está arrependido, eu também estou, mas eu não te amo, quero a sua morte irmãzinha.” Dito isto, soltou uma risada infernal, no mesmo instante em que começou a chorar: “_Me ajude por favor”
Helen acordou. O velório estava no fim. Os homens estavam preparando para carregar o caixão para o carro funerário, a fim de irem enterrar o corpo. Helen teve um súbito sentimento ruim, pois sua irmã não estava ali sentada ao seu lado. Júlio que estava chegando naquele momento, viu sua namorada andar de um lado para outro procurando por alguém e perguntou: “_O que foi Helen? Quem você está procurando?” Ao que a jovem respondeu: “_Minha irmã, ela sumiu.” O carro funerário deu a partida e foi em direção ao cemitério, assim como todos os outros carros acompanhando o cortejo. Helen e Júlio não saíram dali, continuaram procurando pela irmã. Uma porta então se abriu, era a avó de Helen, em seus braços estava o corpo da pobre Antonieta. O sangue jorrava como uma cachoeira, o pescoço da garota tinha ficado irreconhecível. A velha então falou: “_Vejam só o que fizeram, você estão acabando com a própria vida de vocês, vocês são uns irresponsáveis. Maria Padilha, não escutem Maria Padilha, ela irá matar vocês. Vocês irão arder junto com ela nas chamas do inferno.”
Passaram-se uma semana após o ocorrido. A avó de Helen foi internada em um sanatório, pois não parava de anunciar o nome Maria Padilha, parecia até uma obsessão. Helen não sabia o que fazer, estava perdida, o mundo parecia ter virado ao avesso. Resolveu então ir ao hospício visitar a avó e chamou Júlio para ir com ela. Júlio porém respondeu que iria descansar um pouco, pois desde que tudo aconteceu ele não havia dormido bem. Concordaram que Júlio a buscaria mais tarde e assim foi.
Já eram mais ou menos 19:00 quando Júlio chegou no hospício para buscar Helen. Ao chegar no local, encontrou tudo deserto. Em um quarto alguém chorava compulsivamente. Curioso, Júlio caminhou guiado pelo som até o local. Chegando lá, o rapaz abriu a porta. Ele não podia acreditar na cena que estava vendo, sua namorada estava morta, sem os dois olhos, alguém os havia perfurado profundamente. Júlio chorou, aquilo era horrível. Alguém atrás dele amarrou um plástico em sua cabeça, o rapaz lutou, esperneou e não conseguiu se soltar. Acabou morrendo sem ar. No outro dia cedo, Helen estava sendo levada pra o hospício, pois teve um ataque de histeria após ter encontrado o namorado morto. Ela berrava, chorava, amaldiçoava, sua vida havia acabado.

Dias depois em seu quarto, a jovem foi encontrada morta, com os olhos perfurados. Aquela morte definitivamente não poderia ser considerada suicídio, porém era a única explicação, já que em suas mãos estava a tesoura que havia feito o trabalho. Antes de morrer, ela havia escrito algo em um pedaço de papel, algo que intrigou as autoridades: “Nunca brinque com os mortos, ou eles podem brincar com você.”

8 de mai. de 2013

O Mistério do Circo 9


Enquanto todas as crianças da cidade corriam para ir ver os espetáculos do Circo 9, Karoline estava escondida em baixo de sua cama. Seus avós queriam levá-la ao circo que estava na cidade, porém a garota tinha um medo terrível de palhaços. Todas as crianças da idade dela sempre amavam ir ao circo e o medo de Karoline era inadmissível e sem fundamentos para os avós. Marta, sua avó, tentava a convencer de todas as formas. Dizia que não tinha o que temer, afinal o vô Mauro e ela a protegeriam, palhaço algum iria se meter com ela, isso sem contar que eles tentavam colocar de todas as formas na cabeça da garotinha que os palhaços eram bonzinhos.
Por fim Mauro disse a neta: "_Se for conosco irei lhe dar uma caixa de chocolates depois." Os olhos da garotinha brilharam, afinal sua paixão era comer chocolate. Karoline saiu então de seu esconderijo e foi junto de seus avós, porém seu medo ainda estava lhe apertando o coração.
Chegaram então ao circo. Por todos os lados chegavam crianças juntas de seus pais. Karoline havia perdido os pais muito cedo, seus avós nunca contaram a ela o que aconteceu, diziam todas as vezes que quando ela estivesse maior e mais preparada para saber das coisas, eles contariam.
O espetáculo estava pra começar. Logo trapezistas e malabaristas começaram a festa, as pessoas vibravam a cada movimento realizado com sucesso. Algum tempo depois chegou a vez dos palhaços, com suas piadas simples e seus movimentos hipnóticos que levavam o público as gargalhadas. A única que parecia não achar graça alguma era Karoline, ela via algo diferente no sorriso dos "caras pintadas". Seus avós pareciam hipnotizados com o show, riam como se fossem crianças. Um dos palhaços fez um cachorrinho com um balão e caminhou na direção de Karoline. O homem sorriu para ela e falou: "_Este é para você garotinha, você é especial para nós." Karoline exitou, porém Marta pegou o presente para ela e agradeceu. O palhaço mostrou um sorriso enigmático e voltou para continuar suas "palhaçadas".
Assim que acabou o espetáculo, as pessoas saíam do local e iam para o parque que ficava no mesmo local. Tinha montanha-russa, roda-gigante e muitos outros brinquedos para o divertimento das crianças. No mesmo local também ficava o trailer dos artistas do circo. Um pouco mais afastados, ficavam os trailers dos palhaços. O local em que ficavam era bastante colorido, com imagens felizes, algo totalmente doce e infantil, o que tornava impossível o sentimento de medo por parte de qualquer um, menos pela parte de Karoline que nem se pagassem ela se aproximaria de lá.
Enquanto caminhavam, dois palhaços pararam na frente deles e começaram a contar piadas. Os avós da garotinha permaneciam imóveis, como se tivessem entrado em algum tipo de transe. Quando a garotinha se preparou para correr, uma garota a interceptou e a pegou pelos braços dizendo: "_Acalme-se menininha, eu não deixarei que façam mal algum a você" Karoline sentiu vontade de gritar, mas não gritou. Um sentimento estranho havia tomado conta dela ao encontrar aquela estranha. Estranha esta que aparentava ter mais ou menos uns 15 anos, enquanto que Karoline tinha apenas 8.
A garota carregou Karoline por alguns metros e parou em frente a uma porta colorida, tão colorida que chegava até a arder os olhos. Bateu na porta e um homem enorme abriu a porta, convidando as garotas para entrar. Assim que as duas entraram ele trancou a porta e acendeu a luz. Para desespero de Karoline haviam ali naquele local uns 10 palhaços, 7 homens e 3 mulheres. A garotinha estava prestes a entrar em choque, até que a garota que estava do seu lado falou: "_Acalme-se, irei lhe ensinar como agradar a Baruatã." Ela então caminhou na direção de uma cama que estava coberta. Os palhaços puxaram a capa que estava por cima, na cama estava uma mulher jovem e nua, que começou então desesperadamente a gritar por ajuda. Um dos palhaços disse a garota: "_Vamos Anelize, não temos o tempo todo. Precisamos de mais uma alma para o nosso deus, sem dizer que estamos famintos."
Anelize então começou a prece: "_Baruatã, protetor dos palhaços e senhor do bom humor, lhes oferecemos mais esta alma que irá servir de alimento para o senhor, enquanto que o seu corpo, já banhado pela sua benção, irá servir de alimento para nós, teus fiéis servos, afim de que toda a magia de sua simpatia invada as nossas mentes, afim de que sejamos geniais e agradáveis ao nosso público e que possamos levar alegria a todas as pessoas do mundo, amém." No mesmo instante, cada palhaço pegou um facão. Anelize pegou uma faca menor e entregou para Karoline. Anelize voltou para o lado da jovem mulher que estava presa a cama sem entender do que se tratava. A garota apenas disse a ela: "_Nos desculpe, não é nada pessoal". Começaram então avançar contra a mulher, que sem saber o que estava acontecendo gritava desesperada por ajuda. Cortaram os seus braços, depois uma de suas pernas com ela ainda viva. Alguns já haviam partido alguns dos pedaços cortados e comiam como se estivessem sem alguma refeição à dias. A mulher na cama esguichava sangue pelas extremidades cortadas, estava babando de tanta dor, seus olhos pareciam não ter mais vida. Anelize olhou nos olhos dela e mostrou um pedaço de uns dos dedos que haviam tirado da pobre mulher. A garota lambia o dedo, até que mordeu com ira e mastigou com vontade. Aquela cena era perturbadora ao extremo, como uma garota daquela idade podia se portar daquela forma? Até que Anelize falou: "_Agora eu quero um de seus olhos". E com a faca na mão, perfurou a cavidade do olho da mulher, que morreu depois de um grito perturbador.
Karoline estava em choque, não conseguia acreditar que aquilo tudo estava acontecendo. Começou a chorar compulsivamente, chegava até a soluçar. Anelize chegou perto da menina e falou: "_Um dia você também fará a vontade de nossos pais, quando esse dia chegar o senhor Baruatã ficará feliz em ter uma nova serva, enquanto este dia não chega, você pode voltar para aqueles velhos caducos." Karoline parecia tão transtornada que não parecia ouvir uma única palavra, até que desmaiou. Uma voz ao fundo falou para Anelize: "_Devolva-a para aqueles velhotes, a hora dela ainda não chegou. Com o tempo, ela será nossa."
Karoline havia sido encontrada por seus avós naquela mesma noite. O tempo se passou e na cabeça da garotinha e de seus avós tudo aquilo que ela dizia ter visto não passava de algo criado pela imaginação e pelo medo que ela sentia. Com seus 16 anos, Karoline perdeu seu avô, vítima de um câncer de estômago. Sua avó morreu na cama de um hospital, pouco antes da garota completar seus 18 anos. Antes de morrer, sua avó Marta resolveu lhe contar a história de seus pais: "_Karoline, antes de partir eu tenho que lhe dizer algo. Sua mãe era uma linda garota, assim como você e sempre nos deu muito orgulho, mas tudo mudou quando ela conheceu seu pai. Ele era artista de circo, pra ser mais direta, ele era palhaço. Eles se conheceram e se apaixonaram no mesmo circo que passa aqui todos os anos. No começo eu e seu avô fomos contra tudo aquilo, até que o circo foi embora e Alessandro que era o nome de seu pai, levou nossa querida filha com ele. Ficamos muito chatiados com tudo aquilo, afinal não era aquele futuro que nós queríamos para a nossa filha, mas quando o circo voltou, Rebeca já estava grávida de seu pai, foi ai que nossos olhares mudaram. Como as coisas não podiam regredir, fomos visitar sua mãe e resolvemos apoiá-la. Ela, assim como seu pai, havia entrado pro mundo do circo, chegamos a assistir vários espetáculos dela. Sua irmã cresceu junto com seus pais na vida do circo, eram muito felizes. Até que sua mãe ficou grávida novamente e era de você, mas tudo foi muito estranho nesta segunda gravidez. Ela veio chorando até eu e seu avô e pediu que quando você nascesse, para que ficássemos com você, que ela não queria aquele mesmo futuro para mais um filho. Não entendíamos o porque de tudo aquilo, eles pareciam tão felizes. Assim que você nasceu, Rebeca trouxe você para mim e pediu para que eu fizesse uma viagem, de pelo menos uma semana. Ela saiu decidida a fazer algo. Eu e seu avô resolvemos fazer conforme ela nos pediu. Passados uma semana nós voltamos, com a triste notícia de que ela havia atirado contra o próprio marido e depois se matou com um tiro na boca. Ficamos arrasados com tudo aquilo. Ainda tentamos ir atrás de notícias de nossa outra neta, a Anelize, mas infelizmente nunca mais a encontramos. Esta é a história minha filha, eu não podia te contar quando era mais nova pois é tudo muito confuso, mas sei que agora você tem cabeça o suficiente para absorver a informação." Karoline ouviu perplexa toda aquela história, como era trágica a história de seus pais, porque sua mãe fez tudo aquilo? E sua irmã, onde estava? Anelize, que nome mais familiar. Ela estava recorrendo à memória para lembrar de onde ela conhecia aquele nome, até que um arrepio lhe subiu a espinha. O que todos fizeram ela pensar que tinha sido um terrível pesadelo de infância, poderia ser a fatídica realidade.
Karoline foi morar com seus tios. Rafael e Rosalinda viviam só, seus dois filhos já haviam se formado e foram viver suas vidas. Karoline trabalhava em uma loja perto da casa de seus tios. Um dia enquanto trabalhava, pôde observar a chegada do Circo 9 à cidade novamente, a moça sentia uma enorme curiosidade de ir até o circo e procurar pela suposta Anelize, mas tinha um certo receio de tudo. Apesar do tempo ter se passado, seu medo por palhaços só havia aumentado, principalmente pelo fato que ocorreu na sua infância.
Já era tarde da noite, Karoline estava fazendo hora extra. Exausta, decidiu deixar o resto do serviço para outro dia e foi embora para descansar. Chegando na casa de seus tios, encontrou a porta aberta. Os móveis estavam revirados, parecia ter passado um furacão por ali. Onde estariam seus tios?
Karoline correu em direção a um telefone, até que levou um golpe e desmaiou. Acordou mais tarde amarrada a uma cadeira. Sentada na frente dela estava Anelize. Ela havia se tornado uma bela e atraente mulher. O nariz de palhaço que ela usava na hora realçava de forma enigmatica todo o seu charme. Anelize então falou a mulher: "Foi _algo magnifíco tudo o que papai fez por este circo, mas mamãe quis estragar tudo o que construímos. Nunca entendi os motivos dela, ela tinha uma vida de rainha junto ao papai. Felizmente ela não conseguiu seu intento de matá-lo, não é mesmo papai?"
Os olhos de Karoline se arregalaram. Um velho, apoiado por um andador veio com dificuldade na direção das duas: "_Sim minha filha querida. E agora, nossa família está reunida novamente, o senhor Baruatã ficará satisfeito. Esse é o sinal da nova era para o circo 9. Todos aqueles palhaços que estão na outra sala devorando seu tio deverão ser dizimados, temos de começar tudo desde o começo. Traga sua tia até aqui para o ritual de iniciação da sua irmã e peça para os outros colaboradores entrarem no aposento principal, para que o senhor Baruatã enviem para eles uma benção mais poderosa." Dito isto, os dois riram diabolicamente.
Anelize fez conforme seu pai ordenou. Reuniu todos os palhaços numa cabine e os trancou. Alguns sem entender reclamaram, porém a mulher pediu para que permanecessem quietos para receberem a benção. Anelize foi atrá de um galão de gasolina e começou a despejá-lo em volto da cabine, os que estavam dentro da mesma olhavam e reclamavam sem entender. A mulher então acenteu um fósforo e jogou na direção deles, começando a oração clássica ao senhor deles. Os palhaços gritavam desesperados, alguns a amaldiçoavam chamando-a de traídora, outros pediam clemência a Baruatã, na esperança de que a entidade fosse salvá-los. Morreram todos queimados.
Anelize foi até onde a sua tia estava presa, a pegou e levou até Karoline e seu pai. Pronto papai, a titia está aqui para ser sacrificada para o bem de nossa irmã. Karoline chorava e pedia para que parassem com aquilo. Alessandro virou para Karoline e disse: "_Calma filhinha, sua mãe reagiu da mesma forma no começo, mas com o tempo ela se acostumou. Até se casou comigo, me dando duas lindas alegrias. Agora está na hora de você seguir o costume da família."
Anelize então enfiou um punhal na barriga de sua tia e rasgou a carne da mesma até a altura do pescoço, jogando o corpo da tia em cima de Karoline que estava aos gritos. Anelize professou uma oração enquanto o sangue jorrava em cima de sua irmã: "_Senhor Baruatã, ofereço a alma e o sangue desta mulher, para professar a sua mais nova colaboradora. Karoline será uma sacerdotisa, conforme ordenado pelo senhor ao meu pai e eu como humilde serva, lhe rogo que todo o seu poder e vontade sejam feitos."
No mesmo momento Alessandro bateu o andador na cabeça de Anelize. Assustado e sem entender aquilo tudo, seu pai riu e bateu o andador novamente na cabeça da filha dizendo: "_Desculpe, mas tinha de ser assim."
Alessandro foi até Karoline, tirou o corpo de sua tia de cima dela  e a desamarrou. A garota parecia estar em choque, seu pai então começou a falar: "_Olhe garota, você foi a escolhida pelo nosso senhor, você deverá fazer a vontade dele, assim deve ser." Karoline então retrucou: "_Seria mais fácil me matar, não irei fazer isto." A garota deu um chute no saco do velho e quando ia correr, seu pai a puxou pelo tornozelo a derrubando: "_Nunca sua piranha.Todos acreditaram na minha versão de que sua mãe havia tentado me matar e depois se suicidou. Mas no caso, quem a matou fui eu, ela tirou você de mim, logo você, que era a promessa de Baruatã, ele me disse que minha segunda filha seria a minha principal herdeira e que Anelize deveria ser sacrificada quando crescesse. Se você não vai servi-lo por bem, irá servi-lo por mal." O velho então se levantou e arrancou uma pistola, atirando contra as duas pernas de Karoline: "_Implore pela sua vida, sua alma pertence a ele, implore sua vadiazinha." Atrás do velho, estava a sombra de Anelize, ela segurava algo grande nas mãos. Alessandro rapidamente se virou para atirar, mas não havia ninguém ali. Quando Anelize falou bem perto de seu ouvido: "_Adeus papai."
Um facão perfurou o pulmão do velho, a arma caiu de sua mão, ele caiu de joelhos. Sem tirar o facão do lugar Anelize surgiu de frente a ele: "_Mande lembranças para mamãe e para o seu senhor no inferno, eu sou a nova deusa desse local." Sem piedade alguma a mulher pegou um canivete e começou a cortar o pescoço do próprio pai. O sangue jorrava num ritmo frenético, a vida do homem desapareceu em seus olhos em alguns segundos, até cair em meio ao seu próprio rio de sangue.
Anelize foi até sua irmã, a colocou na cadeira. Karoline estava pálida, assustada, não sabia o que fazer. Anelize foi até o corpo do pai e pegou o revólver, entregando nas mãos de sua irmã e moldando as mesmas para mirar contra Anelize: "_Vamos Karoline, acabe com tudo isto, você é a escolhida. Por isso mamãe te poupou, você deveria acabar com esta doença de nossa família que se chamava Baruatã. Nunca acreditei na existência dele, essa lenda maldita. Se ele for algum deus, eu sou uma espécie de herege. Eu acreditava no poder de papai, mas vejo que eu era bem mais capaz que ele, não credito nisso, isto é o fim. Afinal eu era uma assassina sedenta por sangue e não uma adoradora patética de um deus sem poder algum. E agora, estou prestes a receber a tal justiça divina em que o papai acreditava. Você é a escolhida dessa entidade patética que nunca teve poder algum sobre mim, vamos Karoline, dê um fim a esta traídora. Devo lhe contar algo. Papai matou mamãe, pois mamãe queria me tirar daqui, ela assim como eu percebeu que aquele deus era uma farsa, que servia aos caprichos canibais de papai, por isso ele a matou. Eu nunca fui uma canibal, nunca gostei de carne humana, ela tem um gosto horrível, meus prazer estava apenas em observar a vida das pessoas indo embora, vidas insignificantes e dolorosas que se libertavam de maneira magnífica, é fantástico observar a vida abandonar as pessoas, eu acredito em mundos felizes fora daqui, mas não creio numa felicidade real para quem acreditasse nessa entidade inútil, espero que eles paguem por tudo o que fizeram e assim que eu sair desta vida, irei satisfeita e feliz, pois fiz bem meu papel de anjo da morte."
Karoline ouviu tudo atentamente, estava comovida com a história da irmã. Anelize então começou a soltar uma gargalhada e a gritar com força para a garota atirar. Karoline então apertou o gatilho. Naquele momento o mundo pareceu ter paralisado. Anelize permanceceu sorrindo na frente da irmã. Desesperadamente Karoline apertou o gatilho mais algumas vezes sem sucesso algum. Anelize então falou: "_Você e o patético Baruatã falharam novamente. Aquele senhor patético, só lhe resta o esquecimento pois ele nunca existiu. Já você, irá fazer uma visitinha aos nossos avós." E rindo, começou a enforcar sua irmã. Uma cena angustiante. Anelize observava os olhos de Karoline perderem o brilho da vida, brilho este que sumiu sem direito a um último suspiro.
Anelize estava satisfeita com o resultado de tudo. Ela finalmente havia se libertado da escravidão. Ela agora poderia aproveitar sua vida, poderia ser feliz até o fim de sua vida. A mulher caminhou em direção a um espelho e olhou fixamente para si mesma. Ela gostava do que via, seus olhos não possuíam a essência da vida, seu olhar era frio e vazio como o de um cadáver, foi assim que ela se convenceu de que ela era o anjo da morte, foi assim que ela descobriu que tinha um poder maior do que a da entidade criada por seu pai.
Anelize colocou fogo no circo e o abandonou. Caminhou sem rumo pela estrada repetindo a si mesma: "_A principal mentira é a que contamos a nós mesmos. Sim, Nietzsche tinha razão, pelo menos em partes, ele tinha razão."

27 de jan. de 2013

Amor, estranho amor

O rapaz a perseguia já fazia alguns minutos... Era tarde da noite... Karina começou então a correr desesperada e a gritar por socorro... Foi surpreendida na esquina por um rapaz que mantinha um relacionamento secreto com a garota... Seu nome era Raí... Um rapaz apaixonado, que vivia tentando conquistá-la, porém ela dizia que seu coração era de outro e seu relacionamento com Raí era apenas um divertimento para os dois... 
Ele tampou a boca dela e pediu para que não gritasse, pois o homem poderia achá-los...
Karina concordou e os dois se esconderam atrás de alguns arbustos... 
O homem passou direto... Porém Karina achou estranho o fato de o homem que passou por lá ser um policial... O rapaz atrás dela a segurou forte e forçou um pano embebido em éter no rosto da garota...
Ela acordou horas depois em um quarto... As fotos da garota decoravam a parede... Raí pelo visto era obcecado por ela...
Ele então surgiu com o rosto em uma janelinha do quarto: "_Olá docinho(apelido pelo qual ele a chamava), você viverá aqui para sempre ao meu lado... Distante de tudo e de todos... Aquele dia o policial estava procurando por mim e não por você... Eu dei um fim no seu amado, pois ele atrapalhava o nosso amor... Mas vejo que ter você assim tão facilmente não tem graça... A adrenalina do ciúme era bem mais excitante... Portanto, você irá ficar ai dentro, mas nunca estará sozinha comigo... Quando tiver saudades de quem impede o seu amor por mim, basta abrir aquele baú(apontando a mão para um baú que estava no canto do quarto)..."
Raí se retirou aparentemente, a garota foi até onde o baú estava e o abriu... A imagem que ela viu partiu profundamente o seu coração e seus olhos se encheram de terror e lágrimas... Roberto(seu amado) estava com o corpo em pedaços flutuando sobre seu próprio sangue...
Raí abriu a porta do quarto e percebeu que a garota estava em choque: "Você é uma vergonha para mim Karina, pensei que seria mais forte diante de tal situação... Meu desejo era te esfaquear agora e deixar você ir para junto do idiota que você merece, porém o amor vergonhoso que permiti sentir por você foi mais forte... Aqui está uma corda e uma cadeira, dá pra amarrar a corda ali em cima, acabe com os seus problemas e acabe com os meus também... Pois me preocupar com você e pensar em você 24 horas por dia acaba comigo..." Raí então saiu e fechou a porta...
Algumas semanas depois a polícia encontrou o corpo de Karina enforcado em um quarto vazio e sem as fotos, que provavelmente Raí as retirou por precaução... No canto o baú com o corpo de Roberto... Um crime horrendo, que tinha Raí como suspeito... Porém a culpa caiu em Karina... Na versão da polícia a garota matou o rapaz, talvez por ciúmes, pois todos sabiam que ela amava o Roberto... Logo depois arrependida do que fez, foi lá e se enforcou... Uma tragédia que abalou toda a cidade...
Raí estava apaixonado novamente... Aline, uma garota linda e de olhos azuis havia chamado sua atenção... Há alguns dias atrás ele encontrou a garota chorando porque seu ex-namorado a havia abandonado... Raí resolveu consolar a pobre... Com o tempo já tinham algum relacionamento, porém Aline não escondia o fato de que os sentimentos por seu antigo amor ainda existiam... Raí se virou de forma carinhosa e estranha para a garota: "Fique tranquila... O amor é assim mesmo... Uma hora vem, outra hora se vai... Com o tempo a dor se torna maior e aprendemos a nos acostumar com ela... E o melhor meio de se acostumar com a dor é aprendendo a usá-la 'docinho' "
Ela fingiu que entendeu e deu um sorriso meio disfarçado, deu um beijo em Raí e disse: "Já está tarde, devo ir embora... Até amanhã..."
Quando ela estava pra sair foi surpreendida por Raí, que a segurou com um pano de éter no rosto... A garota caiu desmaiada...
Raí então tirou de dentro do bolso de sua calça, as fotos de Karina e outras três garotas que fizeram o coração de Raí bater mais forte... Ele deixou escapar um leve sorriso no canto do rosto e disse para si mesmo: "Espero que essa valha a pena, afinal as outras foram apenas decepções amorosas... Agora sim entendo porque os grandes poetas sofriam por amor... Afinal, são poucas as pessoas que estão dispostas a nos aceitar como somos e ser companheiras de caminhada... Um dia quem sabe eu encontre alguém que estará disposta a compartilhar comigo os meus prazeres e sofrimentos... Até lá, talvez eu tenha ainda muitas decepções..."
Terminou então de refletir e carregou o corpo de Aline até um quarto decorado com as fotos dela... No fundo do quarto um baú, que poderia esconder um terrível segredo... Ou de acordo com o ponto de vista de Raí... Ali dentro estava a chave da libertação...

31 de out. de 2012

Perseguição Mortal 3: Operação Hospício


Mariana estava novamente na estrada, sua nova vítima era um senhor de 50 anos, que aparentava ser casado e ter netos, porém parecia estar bem excitado com a idéia de ter uma moça tão jovem ao seu lado. A viagem seguia tranquilamente até que avistaram uma jovem parada de pé bem no meio da estrada. Pararam então o carro e o velho ficou buzinando repetidamente. A garota moveu-se lentamente na direção do carro com a cabeça baixa, chegou perto o suficiente para poderem enxergá-la nitidamente. A jovem levantou uma de suas mãos, segurava um revólver calibre 38, logo apertou o gatilho e um buraco surgiu na testa do velho, levando-o instantaneamente à morte.
Mariana ficou impressionada com aquilo, o rosto da jovem não demonstrava sentimento algum, apenas aquele famoso "ar" de dever cumprido. Do lado de fora da pista, havia uma caminhonete preta, alguém saiu de lá, era um homem magro, de cabelo enrolado e possuí-a um olhar bem irônico, além de seu aparente bom humor. Começou a rir parabenizando a garota: "_Ótimo Izadora, sua amiga não irá morrer se você continuar conforme o combinado, fique tranquila." O ar sarcástico de Walmir estranhamente tirou um sorriso do rosto de Izadora, porém incomodou Mariana. Esta desceu do carro, parecia incrédula, não podia acreditar no que estava vendo.
Walmir era o irmão mais velho de Mariana, a garota possuía um imenso respeito por ele, pois sabia como ele poderia ser cruel quando queria, ela só não entedia o que ele fazia ali.
Walmir começou a falar: "_Maninha, quanto tempo, estava com saudades de você. Seu irmão querido veio lhe fazer uma visita."
Mariana começou a rir da mesma forma do irmão, imitando seu tom irônico: "_Maninho, eu também te amo. Agora diga-me, qual favor você quer desta vez? Posso matar sua amiguinha? Ela parece ser uma carne boa para matar."
Walmir jogou a cabeça para trás e riu alto: "A Izadora não é qualquer uma, exijo respeito. Tenho uma amiga dela mantida como refém e ela morre se a Izadora não fizer conforme o combinado. A garota é corajosa e eu gosto disso, logo ela e a amiga estarão livres. mas mudando de assunto, preciso retirar um velho conhecido de um hospital psiquiátrico." Fazendo uma pausa e suspirando complementou: "Na verdade eu preciso dele morto, ele sabe demais, mesmo sendo considerado um psicopata louco alguém pode dar ouvidos a ele alguma hora, preciso de você e da Izadora para conseguir sucesso neste plano."
Izadora pareceu excitada com a história, enquanto que Mariana parecia estar com um ar de desprezo diante de tal situação. Mesmo assim ela pegou carona com eles e seguiu até o depósito em que estaria presa a amiga de Izadora, Walmir parecia estar querendo dar algum tipo de estímulo à jovem.
Chegaram até o depósito e seguiram até onde Marcela estava, amordaçada e acorrentada, de seu lado estava Paula, que estava responsável por vigiar a garota. Paula era amiga de infância de Mariana e correu até ela para abraçá-la. Deram um longo abraço apertado, Paula ficou afundada em lágrimas, já Mariana, mesmo gostando muito ainda de sua amiga, não se lembrava mais como era demonstrar um simples sentimento, deixou apenas escapar a frase: "Bom vê-la novamente"
Izadora ainda estava com a arma em mãos, e levantou o gatilho na direção de Walmir, que olhou surpreso para a jovem. Mariana caiu em gargalhadas histéricas ao ver a idiotice que o irmão havia cometido mesmo tendo tantos anos de experiência com pessoas, Paula ficou imóvel diante de tal situação. Walmir logo deixou seu ar irônico tomar conta novamente: "_Vá em frente Izadora, você não terá coragem de me matar, eu dou tudo que lhe é necessário para sua satisfação não é mesmo? Fale-me a verdade, depois que eu apareci em sua vida eu lhe dei um sentido, lhe dei alguma adrenalina que você nunca possuiu, você sente prazer em matar, está estampado em seus olhos. Mas você não consegue matar sem um motivo qualquer não é mesmo? Eu estou lhe ajudando a descobrir quem você é na verdade, vai realmente jogar isso tudo no lixo?"
Izadora abaixou a arma, em tom enigmático abaixou também a cabeça, virou-se de costas para eles e andou em direção à Marcela, Paula estava para avançar na garota, mas Walmir fez um sinal de negativo a ela. Izadora começou a desamarrar Marcela, sua amiga ficou super contente e abraçou-a, porém a jovem não retribuiu o abraço, parecia uma pedra de gelo sem sentimento algum, Marcela afastou-se assustada, ao que Izadora gritou: "_Saia daqui agora, chame a polícia, eu e todos os que estão aqui merecem ser condenados por tudo o que fizeram." Marcela ainda estava tonta com tudo aquilo, ainda tentou dizer alguma coisa: "_Mas você não tem culpa, você foi forçada..." Antes de terminar de falar, Izadora a interrompeu: "_Apenas vá." Sua amiga apenas acenou afirmativamente com a cabeça e começou a correr. Porém um barulho fez com que todos ficassem espantados, Izadora atirou no calcanhar de sua amiga, esta caiu no chão chorando de dor, perguntando o porque daquilo. Sem deixar escapar alguma resposta a jovem caminhou em direção à Marcela, virou-a para cima e sentou-se sobre ela dando um beijo suava em sua testa. Marcela permanecia apavorada com o que estava acontecendo, enquanto que os outros permaneciam surpresos e sem reação. Izadora pegou o revólver, introduziu-o na boca de sua "amiga" para desespero da mesma e apertou o gatilho. Os miolos voaram teatralmente junto ao sangue jovem da garota. Levantando-se sorridente e triunfante, caminhou até Walmir, deu um beijo caloroso nos lábios do homem, entregou-lhe a arma e falou: "Obrigado pelo divertimento."
Walmir sorriu satisfeito com o acontecimento. Porém nem todos estavam satisfeitos com tudo, Mariana proferiu as seguintes palavras ao irmão: "_Maninho, o que acabou de acontecer é realmente espantoso, mas voltando ao assunto do seu parceiro de hospício, o que eu ganho com aquilo? Eu tenho certeza que não irei ganhar nada de você e se ganhar será algo insignificante. Isso sem dizer que estaremos acompanhados de uma psicopata sem noção que tirou a vida até de sua própria amiga. Não tenho garantia nenhuma nesse serviço."
Walmir retrucou-lhe dizendo: "_Você matou nosso outro irmão num momento de fúria maninha, você não tem uma fama de garotinha inocente para julgar alguém assim, você é capaz de muita coisa para se manter viva. E outra, gosto muito de você e do seu jeito de lidar com as diversas situações, mas infelizmente não posso lhe obrigar a ir. Mas se for, eu irei lhe dar aquilo que você procura por todo esse tempo."
Mariana ficou curiosa, pensou por alguns segundos, abaixou a cabeça e concordou em seguir a missão. Walmir chamou mais alguém para ir, originalmente estavam escalados para a missão: Mariana, Izadora, Paula, Caio e Fernando, esses dois últimos eram capangas treinados do Walmir. Embarcariam cedo no outro dia e se infiltrariam no hospício para completar uma missão aparentemente fácil.
Foram dormir, dentro do depósito estava construído um tipo de alojamento, eram 15 quartos ao todo, cada um escolheu um quarto, apenas Mariana e Paula resolveram dividir um para colocarem os assuntos em dia.
Enquanto todos dormiam, Mariana e Paula conversavam. Algo extremamente imperdível acontecia ali, Mariana estava aos prantos, ela deixava fluir seus sentimentos apenas quando estava sozinha junto de sua amiga, era a única que a escutava desde sua infância. Mas infelizmente não falavam de coisas boas, Mariana estava lembrando da morte de seu irmão do meio, Paula havia perguntado sobre a morte dele, pois fazia muito tempo que não o via, nem sabia que ele tinha falecido. Então a jovem começou a contar a história: “_Sabe Paula, há alguns anos atrás o Eric estava metido num esquema com tráfico de drogas e ele tentou me levar para esse caminho, eu resolvi ajudá-lo, pois ele me falava sobre dívidas que tinha e tudo mais e as ameaças contra ele estavam cada vez piores. O Walmir, nosso irmão mais velho tentou diversas vezes persuadi-lo a sair disso, mas o Eric nunca foi de escutar ninguém. Certo dia, eu estava indo para casa, quando me deparei com ela pegando fogo, recebi a notícia de que meus pais estariam mortos lá dentro. Bombeiros por todos os lados, policiais procurando pelo Eric, o Walmir estava em um canto da calçada chorando compulsivamente jurando vingança contra nosso próprio irmão. Nunca pensei que aquilo pudesse acontecer. Fui morar com o Walmir no seu apartamento, passou um tempo ele fechou a clínica e parou de atender como psicólogo. Ele passava horas do dia lendo sobre diversos assassinos e seriais killers, assistia filmes com o tema o dia todo, lia livros de sobrevivência do exército, chegou até a dizer que a morte era necessária para a purificação do homem. Na época eu me assustei um pouco sobre o que aquilo realmente queria dizer, hoje em dia isso faz todo o sentido, a nossa alma se purifica a cada morte e quem morre finalmente deixa essa vida com todas as angústias transmitidas por ela.” Paula olhava atentamente para a amiga, mas parecia não concordar com a sua afirmação, afinal os motivos que levaram ela até ali eram outros, Mariana continuou: “_Certo dia fui cercada por um grupo, pareciam estar todos em êxtase depois de ter usado algumas substâncias. Começaram a me agredir e a perguntar onde estava meu irmão, queriam a cabeça de Eric. Diziam que iriam me torturar até o fim se eu não falasse, por sorte Walmir apareceu, por um instante eu fiquei aliviada, mas logo o terror tomou conta de meu olhos. Bem em minha frente, meu irmão mais velho transformou os agressores em sangue puro. Com um facão velho ele fez uma chacina. Arrancou a cabeça do primeiro com muita violência, dois deles se afastaram amedrontados com o que viam, o outro foi pra cima dele e teve seu estômago perfurado, Walmir arrancou o facão e o rapaz ficou ali vomitando sangue até cair sem vida. Os outros dois imploravam por suas vidas encurralados em um canto. Walmir lançou o facão contra a cabeça de um deles, pegou o outro pelo pescoço, começou a rir desenfreadamente e o enforcou até a morte. Eric então apareceu no local, tinha um revólver em mãos e dizia que iria matar Walmir, pois a culpa de tudo o que estava acontecendo era dele, pois ele não deixava que os pais dessem dinheiro a Eric e os incentivava a parar de ajudar o rapaz financeiramente. Eric xingava e amaldiçoava o nosso irmão mais velho. Walmir foi se afastando de costas, e Eric ia caminhando em direção à ele. Por um momento hesitei, mas logo tomei coragem em ajudar Walmir, pois ele havia salvado a minha vida. Peguei o facão e ameacei Eric pelas costas, ele riu de mim dizendo que eu seria incapaz de tal ato, que eu sempre fui uma fraca e nunca seria capaz de conseguir nada na vida. Segundo ele eu deveria me sentar e esperar, pois a próxima era eu. Meu sangue ferveu naquele momento, acho que fiquei cega na hora, num momento de impulso eu enfiei o facão no estômago do meu próprio irmão. Na hora eu senti um prazer e um alívio imenso, aquele sangue derramado me fez sentir mais viva do que nunca, mas no mesmo instante a dor de ter assassinado o meu próprio irmão atacou a minha consciência. Saímos do local e esperávamos a notícia da morte de nosso irmão, contudo a reportagem identificou apenas os corpos dos marginais que Walmir havia matado. O corpo de Eric havia estranhamente desaparecido, Walmir fez uma investigação particular, mas nada de conseguir informações sobre o corpo de nosso irmão. Um dia depois recebemos uma correspondência, na caixa recebemos fios de cabelo do Eric e um rasgo da camiseta que ele usava no dia que eu o matei. Tinha um envelope junto, nele alguém nos ameaçava, dizia que pagaríamos pelo que fizemos. Algum tempo depois mudamos para um depósito qualquer, ironicamente esse foi o quarto em que fiquei aquele dia, o Walmir me disse que o depósito seria nossa nova moradia, estaríamos mais seguros ali, eu tinha saído mas agora estou aqui novamente.”
Paula olhou para Mariana e perguntou: “_Porque você saiu daqui e resolveu viver a vida na estrada?”
Mariana respondeu: “_O Walmir faz assassinatos por dinheiro, diferente de mim que os faço por prazer. Não apenas isso, meu irmão perdeu o gosto pelo sangue, atualmente ele não mata ninguém, ficou tão esperto que faz com que os outros matem por ele, e ele sabe exatamente quem é capaz e quem não é, é como se ele soubesse como despertar o instinto assassino de cada um. Depois que matei Eric, matar se tornou uma obsessão para mim, não consigo mais parar é uma necessidade constante. Eu estava admirada dele ter mantido aquela garota viva, mas depois do que a vi fazendo hoje eu diria que ele já estava esperando por isso, o que o torna uma pessoa extremamente assustadora. Perceba quando ele conversa conosco, ele sempre usa um tom irônico e sempre que vamos responder a ele, a gente pode perceber os seus olhos nos analisando minuciosamente, cada detalhe, cada movimento, cada respiração. Ele está sempre em constante análise sobre tudo a sua volta. Se tiver algo contra ele, é melhor tomar cuidado para não demonstrar. Apesar de tudo é um bom irmão, não tenho o que reclamar dele, sempre que precisei veio ao meu socorro, seria um erro de minha parte negar ajuda a ele nesse momento, só não entendo porque me chamar pra algo tão simples. Ele me deixou intrigada sobre me dar algo que eu sempre quis, nem eu sei exatamente do que se trata, também ele não me responderia. Ele é esperto, sabe que minha curiosidade para os seus mistérios é maior, perco até o sono se eu não descobrir o que é, e a única forma de descobrir é ajudando ele. Outra coisa que não entendo é o encanto que ele nutriu por essa tal de Izadora, mas enfim, vamos ver o que acontece pela manhã. Boa noite.”
Paula respondeu sua amiga e se deitou. De madrugada, ela se levantou, não conseguia dormir, a emoção de estar perto de sua amiga novamente era imensa, a garota estava feliz por aquilo. Paula estava se lembrando quando começou a ajudar Walmir e Mariana, apesar de conhecê-los desde a infância tudo aquilo era estranho, as mortes eram novidades para ela, mas ver os dois em ação curiosamente eliminava a depressão que ela tinha. Paula nunca matou ninguém, mas sempre fazia algo de útil para ajudá-los, eliminava provas, torturava pessoas para receber respostas, mas não tinha coragem de chegar ao fim, era sempre necessário que outro executasse o serviço. Moças como Paula eram importantes para o desenvolvimento do negócio segundo o Walmir. Jovens no auge de seus 20 e 22 anos eram mais atraentes e faziam com que o negócio fluísse mais satisfatoriamente. Mariana estava com seus 22 anos, era uma jovem de aparência meiga e inofensiva, o que tornava mais acessível a ela o contato com suas vítimas. Izadora tinha 19, para Walmir era algo valioso ter mais uma bela jovem no grupo, traria prosperidade para eles, isso sem contar que ele havia passado a gostar da garota e de sua personalidade decidida e corajosa, conhecer alguém assim trouxe uma satisfação imensa ao seu ser.
Walmir, que era um psicólogo notável. Sempre ajudava seus pacientes, nunca se ouviu reclamar de alguém que saiu de seu consultório com um problema pendente, ele parecia ler a mente das pessoas, ele trazia conforto e certeza a elas. Sempre fora uma boa pessoa, era religioso, talvez ainda o fosse, mas ignorava com medo de adquirir dores na consciência. Sempre gostou muito de filmes de terror, livros e músicas do gênero, sempre se interessou em estudas mentes “psicopatas”, lia muito sobre, mas nunca chegou a se especializar nessa área. Gostava de esportes, era alguém normal. Depois da morte de seus pais, a ficção tomou conta de seu eu, e a realidade parecia não existir mais para ele. Não se sabe ao certo se tudo isso que ele é agora estava adormecido nele ou se isso se deu com o choque dos acontecimentos, as coisas foram apenas dessa forma.
Já Izadora, não se sabe muito sobre seu passado. Walmir a conheceu na festa de aniversário de um sócio e conversou por um longo tempo com ela, sobre seus interesses, planos para o futuro e outras coisas mais. Ele parecia estar atraído por ela e ela por ele. No outro dia Walmir sequestrou a melhor amiga dela e obrigou Izadora a matar por ele, senão a amiga dela morreria. O homem não tinha qualquer motivo visível para tal ato até então. Estaria ele procurando liberar o instinto assassino da moça para que ela o aceitasse mais fácil? Até então é o que dava pra se perceber, ou então foi um golpe de sorte feliz da parte dele.
Todos se levantaram pela manhã e se organizaram. Walmir informou que não iria com eles, ficaria ali esperando respostas. E era de extrema importância que os mesmos arrumassem um carro qualquer na estrada para não levantar suspeitas. Mariana se prontificou a arrumar o veículo, pois era sua especialidade. O plano até então parecia simples, pois consistia em chegar ao local, entrar como visitante levando roupas e alimentos, encontrar o quarto de um homem chamado Ronaldo Braga e matá-lo. Se tudo desse errado, era necessário o plano B, que consistia em invadir o local, matar quem tentasse os impedir de continuar, localizar o alvo e terminar a missão, se seguissem esse plano, deveriam ser rápidos para não dar tempo de a polícia surpreendê-los. Walmir ainda sugeriu que se tivessem algum plano melhor, com alguma chance de dar certo, para que abandonassem os outros dois e seguirem aquilo que acreditavam ter sucesso. Os métodos de Walmir sempre agradaram Mariana, afinal ele sempre a deixou livre para executar tudo conforme os seus meios, pois sabia que sua irmã era dona de uma extrema competência nessa área, não foi à toa que ele a colocou como líder da missão.
Antes de partirem Walmir disse algo que deixou Mariana chocada: “_Maninha, o homem que você está para matar foi o principal culpado por tudo o que aconteceu à nossa família. Ele era o chefe de Eric na época e deve morrer. Tenho certeza de que era isso que você esperava durante todo esse tempo, esse era o presente que você esperava, tenho certeza de que irá adora essa missão.”
Mariana sorriu e disse que o “inseto” pagaria pelo que fez, ela agora tinha assumido um ar diferente, a disposição voltou ao seu rosto, estava disposta a fazer de tudo para matar aquele homem. Todos se juntaram e caminharam para a estrada.
Mariana e Izadora ficaram na estrada pedindo carona, enquanto os outros se esconderam em meio ao matagal. Passaram alguns minutos até que chegou um carro. Eram dois jovens, o que estava no banco de passageiros fumava maconha, parecia estar em êxtase, enquanto o que dirigia perguntou: ”_Querem carona gatinhas? Só o faremos se estiverem interessadas em busca de prazer.” Izadora caminhou até o motorista e disse: “_Todo o prazer que quiser.” Logo após de proferir tais palavras, ela rapidamente sacou uma navalha e rasgou o pescoço do jovem com uma calma e praticidade tamanhas que nem parecia estar assassinando alguém. O outro saiu correndo em desespero do carro, Caio saiu do matagal e parou o homem com um soco. O rapaz implorava pela sua vida, Paula parou por cima dele e falou: “Não o matem, deixem que o calor do porta-malas faça isso por ele e por mim.” Paula nunca gostou de matar ninguém, mas ver alguém morrendo era algo que trazia um prazer imenso para a garota.
Seguiram a viagem. Izadora dirigia o carro, Mariana no banco ao lado, nos bancos de trás estavam Paula, Caio no meio e Fernando do lado direito. No porta-malas estava o rapaz que haviam amarrado na estrada, conforme o pedido de Paula. Colocaram Misfits pra tocar enquanto seguia a viagem, aquele som era uma inspiração e tanto para eles. Depois de algumas horas chegaram ao local, Izadora iria entrar como visitante levando as roupas para caridade conforme o combinado. Mariana tinha um plano extra, Paula fingiria um ataque e Mariana estava ali para interná-la. Caio e Fernando ficariam do lado de fora servindo de vigias e deveriam estar prontos para a fuga dependendo do que acontecesse ali dentro. E assim foi.
Izadora entrou no local com as roupas, foi bem recebida e ficou ali trocando algumas palavras amigáveis com algumas enfermeiras. Mariana entrou logo depois com a amiga tendo um suposto ataque, foram acolhidas pelas enfermeiras que tentavam segurar Paula, que esperta e ciente do que deveria fazer, escapou das mãos das mesmas e correu em direção aos quartos com uma faca que havia escondido em sua roupa. Cada quarto tinha um nome, ela procurava ansiosamente por Ronaldo Braga. Mariana acompanhou a amiga e as enfermeiras, mas sua intenção era apenas a de achar o alvo. Izadora aproveitou a situação e assassinou a enfermeira que tinha ficado ali junto com ela com várias facadas no rosto. Jogou o corpo no banheiro e se vestiu de enfermeira, para que não fosse notada nos corredores se o plano de suas colegas de missão não corresse bem, assim o plano tinha uma chance maior de ter algum sucesso. Pegou um galão de gasolina que estava na cozinha e começou a espalhar por todo o corredor do hospital psiquiátrico.
Paula finalmente achou o quarto com o nome que procurava, entrou no local com bastante brutalidade arrombando a porta. Porém para espanto da jovem não tinha mais ninguém no local. A janela estava aberta e as grades totalmente torcidas. Sem pensar duas vezes a jovem pulou pela mesma. As enfermeiras param ali, Mariana abriu espaço e pulou logo atrás da amiga. As quatro enfermeiras ficaram ali no quarto, perguntando umas as outras o que estava acontecendo ali, quando estavam para sair se depararam com Izadora. A jovem soltou uma gargalhada, adentrou o quarto e jogou o restante da gasolina nas pobres enfermeiras. Logo depois soltou o galão e sorriu para elas que permaneciam imóveis e assustadas com a situação. Izadora caminhou até a janela, subiu nela, parou, olhou para trás, tirou um isqueiro do bolso, ascendeu o mesmo e mandou um beijo e o isqueiro em direção às enfermeiras, pulando logo em seguida. Lá de baixo Izadora conseguiu escutar os gritos desesperados e agonizantes das moças que logo seriam apenas churrasco.
Enquanto isso, Paula continuava a correr até que chegou ao carro em que estavam seus outros dois parceiros de missão. A jovem assustou-se com o que via. Fernando estava com o crânio esmagado ao chão enquanto que Caio estava morto em cima do capô do carro, com as tripas à mostra.
Mariana estava chegando quando viu algo que a fez gritar: “_Paula, cuidado. Atrás de você.” A Garota mal conseguiu se virar e tomou uma machadada na cabeça. Do rosto de Mariana escorreu uma lágrima e uma raiva imensa. Correu até lá apenas com a faca que havia carregado desde então. Ficou cara a cara com o homem, um careca de 1,80, no seu uniforme estava estampado seu nome. Ronaldo dirigiu as seguintes palavras para Mariana: “_Venha, pode me matar, mas diga ao seu querido irmão que já sabíamos de tudo o que estava a acontecer. Ele confia demais nas pessoas e acha que sabe de tudo. Mas ele não sabe de absolutamente nada.” E fazendo um sinal, um rapaz saiu de trás do carro. Para espanto de Mariana, o homem que surgiu ali era seu irmão que ela acreditava ter matado anos atrás. Mariana tomou então um golpe pelas costas e caiu desmaiada.
Acordou amarrada numa cadeira em um apartamento, em volta dela estavam Ronaldo, um outro homem com o nome de Suzano e Eric. Mariana ainda estava atordoada com tudo aquilo, Eric então pegou uma cadeira e sentou-se em frente à moça: “_Sei que você deve estar bem confusa em relação a tudo isso Mariana, mas quero que saiba que nada disso é culpa sua e sim do nosso irmão. Iremos matar o Walmir, já que não sobrou mais ninguém para ajudá-lo, matamos a todos que estavam no hospital psiquiátrico aquele dia. Neste momento estão indo um total de 12 homens para o depósito, ele não tem chance alguma contra eles.”
Mariana amaldiçoou Eric: “_Você foi um erro da natureza Eric, eu te odeio. Enganou-nos todo esse tempo, achávamos que estaria morto, eu passei anos com remorso por ter tirado a sua vida e agora descubro que você nos enganou. Tudo foi culpa sua, nunca foi culpa do Walmir. Se ele teve culpa em algo, foi a idiotice dele em ter confiado naquela vadia (Mariana se referia a Izadora), eu ainda tentei avisar o maninho, cadê ela, traga ela aqui, quero poder olhar pra cara dela.”
Eric fez uma cara de quem não entendeu: “_Do que você está falando, sua amiguinha foi morta bem na sua frente, não estou te entendendo Mariana.” Foi a vez de a jovem fazer cara de confusão, quando de repente Fernanda, a irmã mais velha de Paula entrou na sala toda sorridente, o que fez com que Mariana ficasse mais confusa ainda.
Eric completou: “_Ameaçamos a Paula, a fizemos acreditar que sequestramos a irmã dela, enquanto que a própria Fernanda planejou tudo, um plano muito inteligente não foi? Paula não deixaria sua bela irmãzinha morrer, afinal prometemos a ela que não mataríamos você, o alvo seria apenas o Walmir e os outros dois.”
Fernanda estava dando gargalhadas em um canto da sala e olhava com tom de desprezo para o lado de Mariana, enquanto que esta estava a pensar como Paula podia ter feito aquilo, ela realmente tinha sido muito ingênua em acreditar que a irmã havia sido sequestrada. Um fato curioso foi o de não mencionarem em momento algum o nome de Izadora, foi como se não soubessem da existência dela, Paula com certeza não falou sobre ela, talvez essa seria a carta na manga da garota caso tudo desse errado. Se Izadora não estava do lado deles, com certeza ela ainda poderia dar uma ajuda a Walmir, mas ainda sim não teriam chance contra doze homens armados, a não ser que conseguissem um golpe de sorte.
Finalmente chamaram ao telefone, era um dos capangas de Eric: “_Senhor,  o depósito do seu irmão está totalmente destruído, não dá pra saber o que houve aqui, alguém parece ter detonado o local, curiosamente passamos em frente ao hospital psiquiátrico e o mesmo foi consumido pelas chamas. Não há evidências de onde o Walmir possa estar.”
Eric jogou o telefone ao chão e gritou: “_Maldição, maldito seja aquele bastardo, eu mesmo irei atrás dele, nossos homens são uns incompetentes.” Eric saiu do quarto batendo a porta. Ronaldo deu uma ordem para que Suzano seguisse Eric e assim foi. Ronaldo saiu do quarto após alguns minutos deixando Fernanda e Mariana sozinhas.
Eric estava caminhando em direção ao seu carro na garagem quando foi surpreendido por Walmir, começaram então uma luta. Uma troca de socos enfeitava a paisagem. Eric caiu com o nariz quebrado, Walmir deu mais um chute no rosto do irmão e cuspiu dizendo: “_Seu monte de lixo, isso é pelo que fez aos nossos pais.” Assim que acabou de falar foi surpreendido por um golpe de Suzano e caiu ao chão. O rapaz tinha uma barra de ferro em mãos e acertou em cheio as costas de Walmir. Eric começou a dar gargalhadas, dizendo: “_Esse é o seu fim irmãozinho.” Mas Walmir permanecia tranquilo e deixou escapar uma leve risada: “_Olhe novamente seu verme”
Naquele momento os olhos de Eric se encheram de terror, Suzano estava sendo degolado vivo por uma simples jovem que mais parecia um demônio cruel. Deliciada com o que acabara de fazer, Izadora foi até o Walmir e o ajudou a se levantar. Izadora perguntou o que fariam com o outro, Walmir carregou Eric pelas costas e disse a Izadora: “Siga-me, este é o troféu da Mariana.”
Enquanto isso, Fernanda estava se divertindo no quarto com Mariana, ela dava tapas na cara da jovem, cuspia e ainda praguejava contra a própria irmã que eles tinham matado: “_Muito bem Mariana, a Paula se revelou uma idiota não foi, ela sempre foi, assim como você e aquele seu irmão de merda. Irão todos cair, um a um...” Enquanto falava foi interrompida por Walmir, que adentrou o local arrombando a porta com um chute. Izadora entrou rapidamente e rendeu Fernanda. Mariana implorou para que Izadora não a matasse, pois aquela era dela.
Walmir jogou Eric em um canto, o rapaz parecia estar inconsciente. Deixou- o lá por enquanto e desamarrou Mariana. Logo Izadora soltou Fernanda e jogou a faca para Mariana, esta foi caminhando na direção da Fernanda, que se movia com terror um passo de cada vez para trás.
Foi quando Ronaldo surgiu na porta e deu um tiro nas costas de Mariana, Izadora rapidamente correu na direção do homem, lutou contra ele, durante a luta ela moveu o revólver na direção da boca de Ronaldo e um lindo barulho botava fim à vida daquele maldito, seus miolos se espalharam com um sincronismo incrível junto ao seu sangue. Fernanda aproveitou tudo aquilo e correu para o banheiro. Walmir foi atrás, mas quando chegou lá a mulher já havia escapado pela janela. Preocupado com sua irmã ele voltou para a sala. Foi quando teve uma desagradável surpresa. Izadora estava de refém, Eric com um revólver encostado na cabeça da jovem. Ele deu algumas gargalhadas e falou: “_Muito bom Walmir, finalmente tudo acabou como eu queria. Sua princesinha está para ter os miolos estourados, sua irmãzinha querida já está morta (dando um empurrão nela com os pés para dar ênfase ao que falava). Agora é você quem irá morrer.”
Eric tirou a arma da cabeça de Izadora e apontou em direção ao seu irmão, mas ainda manteve a jovem presa pelo pescoço. Nesse momento Mariana agarrou a calça de Eric e falou: ”Não se atreva filho da puta.” Eric riu da cena e disse: “_Olha só quem ainda está viva, que bonitinho, o amor entre a família é lindo. Agora pare e observe a morte de seu irmão, daqui a pouco será a sua vez.” Assim que ele acabou de dizer estas palavras, uma faca passou por seu maxilar, atravessando sua cabeça de cima para baixo. O mundo parou, Izadora tinha uma faca guardada em sua roupa e a pegou enquanto o rapaz havia se distraído com Mariana, logo enfiou a faca no rapaz de forma teatral, digna de uma cena de hollywood. Sem forças para apertar o gatilho, Eric deixou o revólver cair e ficou de joelhos olhando com os olhos assustados e agonizantes na direção do Walmir, este virou para Izadora sem mostrar sentimento algum pelo irmão e falou: “_Acabe o que começou.” A jovem retirou a faca do maxilar do rapaz, este caiu sangrando e gemendo ainda com vida. A jovem pegou o revólver que estava ao chão e deu dois tiros no rosto do rapaz acabando com a dor do mesmo e o deixando irreconhecível.
Walmir e Izadora se apressaram em saírem dali para tentar salvar Mariana. Tempos depois Mariana estava acordando, agora estavam em um novo depósito. Walmir estava sorridente: “_Maninha, você finalmente acordou, como se sente?” Mariana respondeu: “_Mais ou menos maninho, me diga que tudo foi apenas um sonho.” Walmir balançou negativamente com a cabeça e continuou: “_Eu e a Izadora estávamos esperando que você acordasse, tenho uma nova missão para vocês duas logo.”
Mariana falou em tom de desprezo: “_Sinto muito maninho, não estou com disposição para nada. A vida não tem mais sentido. Matar pessoas na estrada já está ficando chato, foram poucas as vezes que achei pessoas interessantes, seria melhor se eu tivesse morrido.” Walmir caiu em gargalhadas, ao que Mariana ficou confusa. Seu irmão então falou: “Tenho certeza de que você mais do que ninguém quer fazer uma visitinha à Fernanda.” Mariana se interessou: “Onde ela está?” Walmir respondeu: “_Calma, uma coisa de cada vez. Isso é o que teremos de descobrir, enquanto você se recupera Izadora irá investigar, quando tudo estiver pronto iremos atrás dela, mas já aviso, não será fácil, pois toda a organização de Ronaldo agora está nas mãos dela.”
Mariana virou-se para o lado, de dentro dos seus olhos dava pra se enxergar apenas o ódio que ela sentia pela Fernanda. Izadora se sentou em uma poltrona e permaneceu sorridente, pois acabara de passar por uma aventura e logo teria outra, sua sede por sangue estava cada vez maior. Já Walmir, com toda a sua calma e bom humor, olhou para as duas garotas e para ele mesmo e fez uma piadinha qualquer: “Aquilo que não nos mata, com certeza também não engorda.”