31 de out. de 2012

Perseguição Mortal 3: Operação Hospício


Mariana estava novamente na estrada, sua nova vítima era um senhor de 50 anos, que aparentava ser casado e ter netos, porém parecia estar bem excitado com a idéia de ter uma moça tão jovem ao seu lado. A viagem seguia tranquilamente até que avistaram uma jovem parada de pé bem no meio da estrada. Pararam então o carro e o velho ficou buzinando repetidamente. A garota moveu-se lentamente na direção do carro com a cabeça baixa, chegou perto o suficiente para poderem enxergá-la nitidamente. A jovem levantou uma de suas mãos, segurava um revólver calibre 38, logo apertou o gatilho e um buraco surgiu na testa do velho, levando-o instantaneamente à morte.
Mariana ficou impressionada com aquilo, o rosto da jovem não demonstrava sentimento algum, apenas aquele famoso "ar" de dever cumprido. Do lado de fora da pista, havia uma caminhonete preta, alguém saiu de lá, era um homem magro, de cabelo enrolado e possuí-a um olhar bem irônico, além de seu aparente bom humor. Começou a rir parabenizando a garota: "_Ótimo Izadora, sua amiga não irá morrer se você continuar conforme o combinado, fique tranquila." O ar sarcástico de Walmir estranhamente tirou um sorriso do rosto de Izadora, porém incomodou Mariana. Esta desceu do carro, parecia incrédula, não podia acreditar no que estava vendo.
Walmir era o irmão mais velho de Mariana, a garota possuía um imenso respeito por ele, pois sabia como ele poderia ser cruel quando queria, ela só não entedia o que ele fazia ali.
Walmir começou a falar: "_Maninha, quanto tempo, estava com saudades de você. Seu irmão querido veio lhe fazer uma visita."
Mariana começou a rir da mesma forma do irmão, imitando seu tom irônico: "_Maninho, eu também te amo. Agora diga-me, qual favor você quer desta vez? Posso matar sua amiguinha? Ela parece ser uma carne boa para matar."
Walmir jogou a cabeça para trás e riu alto: "A Izadora não é qualquer uma, exijo respeito. Tenho uma amiga dela mantida como refém e ela morre se a Izadora não fizer conforme o combinado. A garota é corajosa e eu gosto disso, logo ela e a amiga estarão livres. mas mudando de assunto, preciso retirar um velho conhecido de um hospital psiquiátrico." Fazendo uma pausa e suspirando complementou: "Na verdade eu preciso dele morto, ele sabe demais, mesmo sendo considerado um psicopata louco alguém pode dar ouvidos a ele alguma hora, preciso de você e da Izadora para conseguir sucesso neste plano."
Izadora pareceu excitada com a história, enquanto que Mariana parecia estar com um ar de desprezo diante de tal situação. Mesmo assim ela pegou carona com eles e seguiu até o depósito em que estaria presa a amiga de Izadora, Walmir parecia estar querendo dar algum tipo de estímulo à jovem.
Chegaram até o depósito e seguiram até onde Marcela estava, amordaçada e acorrentada, de seu lado estava Paula, que estava responsável por vigiar a garota. Paula era amiga de infância de Mariana e correu até ela para abraçá-la. Deram um longo abraço apertado, Paula ficou afundada em lágrimas, já Mariana, mesmo gostando muito ainda de sua amiga, não se lembrava mais como era demonstrar um simples sentimento, deixou apenas escapar a frase: "Bom vê-la novamente"
Izadora ainda estava com a arma em mãos, e levantou o gatilho na direção de Walmir, que olhou surpreso para a jovem. Mariana caiu em gargalhadas histéricas ao ver a idiotice que o irmão havia cometido mesmo tendo tantos anos de experiência com pessoas, Paula ficou imóvel diante de tal situação. Walmir logo deixou seu ar irônico tomar conta novamente: "_Vá em frente Izadora, você não terá coragem de me matar, eu dou tudo que lhe é necessário para sua satisfação não é mesmo? Fale-me a verdade, depois que eu apareci em sua vida eu lhe dei um sentido, lhe dei alguma adrenalina que você nunca possuiu, você sente prazer em matar, está estampado em seus olhos. Mas você não consegue matar sem um motivo qualquer não é mesmo? Eu estou lhe ajudando a descobrir quem você é na verdade, vai realmente jogar isso tudo no lixo?"
Izadora abaixou a arma, em tom enigmático abaixou também a cabeça, virou-se de costas para eles e andou em direção à Marcela, Paula estava para avançar na garota, mas Walmir fez um sinal de negativo a ela. Izadora começou a desamarrar Marcela, sua amiga ficou super contente e abraçou-a, porém a jovem não retribuiu o abraço, parecia uma pedra de gelo sem sentimento algum, Marcela afastou-se assustada, ao que Izadora gritou: "_Saia daqui agora, chame a polícia, eu e todos os que estão aqui merecem ser condenados por tudo o que fizeram." Marcela ainda estava tonta com tudo aquilo, ainda tentou dizer alguma coisa: "_Mas você não tem culpa, você foi forçada..." Antes de terminar de falar, Izadora a interrompeu: "_Apenas vá." Sua amiga apenas acenou afirmativamente com a cabeça e começou a correr. Porém um barulho fez com que todos ficassem espantados, Izadora atirou no calcanhar de sua amiga, esta caiu no chão chorando de dor, perguntando o porque daquilo. Sem deixar escapar alguma resposta a jovem caminhou em direção à Marcela, virou-a para cima e sentou-se sobre ela dando um beijo suava em sua testa. Marcela permanecia apavorada com o que estava acontecendo, enquanto que os outros permaneciam surpresos e sem reação. Izadora pegou o revólver, introduziu-o na boca de sua "amiga" para desespero da mesma e apertou o gatilho. Os miolos voaram teatralmente junto ao sangue jovem da garota. Levantando-se sorridente e triunfante, caminhou até Walmir, deu um beijo caloroso nos lábios do homem, entregou-lhe a arma e falou: "Obrigado pelo divertimento."
Walmir sorriu satisfeito com o acontecimento. Porém nem todos estavam satisfeitos com tudo, Mariana proferiu as seguintes palavras ao irmão: "_Maninho, o que acabou de acontecer é realmente espantoso, mas voltando ao assunto do seu parceiro de hospício, o que eu ganho com aquilo? Eu tenho certeza que não irei ganhar nada de você e se ganhar será algo insignificante. Isso sem dizer que estaremos acompanhados de uma psicopata sem noção que tirou a vida até de sua própria amiga. Não tenho garantia nenhuma nesse serviço."
Walmir retrucou-lhe dizendo: "_Você matou nosso outro irmão num momento de fúria maninha, você não tem uma fama de garotinha inocente para julgar alguém assim, você é capaz de muita coisa para se manter viva. E outra, gosto muito de você e do seu jeito de lidar com as diversas situações, mas infelizmente não posso lhe obrigar a ir. Mas se for, eu irei lhe dar aquilo que você procura por todo esse tempo."
Mariana ficou curiosa, pensou por alguns segundos, abaixou a cabeça e concordou em seguir a missão. Walmir chamou mais alguém para ir, originalmente estavam escalados para a missão: Mariana, Izadora, Paula, Caio e Fernando, esses dois últimos eram capangas treinados do Walmir. Embarcariam cedo no outro dia e se infiltrariam no hospício para completar uma missão aparentemente fácil.
Foram dormir, dentro do depósito estava construído um tipo de alojamento, eram 15 quartos ao todo, cada um escolheu um quarto, apenas Mariana e Paula resolveram dividir um para colocarem os assuntos em dia.
Enquanto todos dormiam, Mariana e Paula conversavam. Algo extremamente imperdível acontecia ali, Mariana estava aos prantos, ela deixava fluir seus sentimentos apenas quando estava sozinha junto de sua amiga, era a única que a escutava desde sua infância. Mas infelizmente não falavam de coisas boas, Mariana estava lembrando da morte de seu irmão do meio, Paula havia perguntado sobre a morte dele, pois fazia muito tempo que não o via, nem sabia que ele tinha falecido. Então a jovem começou a contar a história: “_Sabe Paula, há alguns anos atrás o Eric estava metido num esquema com tráfico de drogas e ele tentou me levar para esse caminho, eu resolvi ajudá-lo, pois ele me falava sobre dívidas que tinha e tudo mais e as ameaças contra ele estavam cada vez piores. O Walmir, nosso irmão mais velho tentou diversas vezes persuadi-lo a sair disso, mas o Eric nunca foi de escutar ninguém. Certo dia, eu estava indo para casa, quando me deparei com ela pegando fogo, recebi a notícia de que meus pais estariam mortos lá dentro. Bombeiros por todos os lados, policiais procurando pelo Eric, o Walmir estava em um canto da calçada chorando compulsivamente jurando vingança contra nosso próprio irmão. Nunca pensei que aquilo pudesse acontecer. Fui morar com o Walmir no seu apartamento, passou um tempo ele fechou a clínica e parou de atender como psicólogo. Ele passava horas do dia lendo sobre diversos assassinos e seriais killers, assistia filmes com o tema o dia todo, lia livros de sobrevivência do exército, chegou até a dizer que a morte era necessária para a purificação do homem. Na época eu me assustei um pouco sobre o que aquilo realmente queria dizer, hoje em dia isso faz todo o sentido, a nossa alma se purifica a cada morte e quem morre finalmente deixa essa vida com todas as angústias transmitidas por ela.” Paula olhava atentamente para a amiga, mas parecia não concordar com a sua afirmação, afinal os motivos que levaram ela até ali eram outros, Mariana continuou: “_Certo dia fui cercada por um grupo, pareciam estar todos em êxtase depois de ter usado algumas substâncias. Começaram a me agredir e a perguntar onde estava meu irmão, queriam a cabeça de Eric. Diziam que iriam me torturar até o fim se eu não falasse, por sorte Walmir apareceu, por um instante eu fiquei aliviada, mas logo o terror tomou conta de meu olhos. Bem em minha frente, meu irmão mais velho transformou os agressores em sangue puro. Com um facão velho ele fez uma chacina. Arrancou a cabeça do primeiro com muita violência, dois deles se afastaram amedrontados com o que viam, o outro foi pra cima dele e teve seu estômago perfurado, Walmir arrancou o facão e o rapaz ficou ali vomitando sangue até cair sem vida. Os outros dois imploravam por suas vidas encurralados em um canto. Walmir lançou o facão contra a cabeça de um deles, pegou o outro pelo pescoço, começou a rir desenfreadamente e o enforcou até a morte. Eric então apareceu no local, tinha um revólver em mãos e dizia que iria matar Walmir, pois a culpa de tudo o que estava acontecendo era dele, pois ele não deixava que os pais dessem dinheiro a Eric e os incentivava a parar de ajudar o rapaz financeiramente. Eric xingava e amaldiçoava o nosso irmão mais velho. Walmir foi se afastando de costas, e Eric ia caminhando em direção à ele. Por um momento hesitei, mas logo tomei coragem em ajudar Walmir, pois ele havia salvado a minha vida. Peguei o facão e ameacei Eric pelas costas, ele riu de mim dizendo que eu seria incapaz de tal ato, que eu sempre fui uma fraca e nunca seria capaz de conseguir nada na vida. Segundo ele eu deveria me sentar e esperar, pois a próxima era eu. Meu sangue ferveu naquele momento, acho que fiquei cega na hora, num momento de impulso eu enfiei o facão no estômago do meu próprio irmão. Na hora eu senti um prazer e um alívio imenso, aquele sangue derramado me fez sentir mais viva do que nunca, mas no mesmo instante a dor de ter assassinado o meu próprio irmão atacou a minha consciência. Saímos do local e esperávamos a notícia da morte de nosso irmão, contudo a reportagem identificou apenas os corpos dos marginais que Walmir havia matado. O corpo de Eric havia estranhamente desaparecido, Walmir fez uma investigação particular, mas nada de conseguir informações sobre o corpo de nosso irmão. Um dia depois recebemos uma correspondência, na caixa recebemos fios de cabelo do Eric e um rasgo da camiseta que ele usava no dia que eu o matei. Tinha um envelope junto, nele alguém nos ameaçava, dizia que pagaríamos pelo que fizemos. Algum tempo depois mudamos para um depósito qualquer, ironicamente esse foi o quarto em que fiquei aquele dia, o Walmir me disse que o depósito seria nossa nova moradia, estaríamos mais seguros ali, eu tinha saído mas agora estou aqui novamente.”
Paula olhou para Mariana e perguntou: “_Porque você saiu daqui e resolveu viver a vida na estrada?”
Mariana respondeu: “_O Walmir faz assassinatos por dinheiro, diferente de mim que os faço por prazer. Não apenas isso, meu irmão perdeu o gosto pelo sangue, atualmente ele não mata ninguém, ficou tão esperto que faz com que os outros matem por ele, e ele sabe exatamente quem é capaz e quem não é, é como se ele soubesse como despertar o instinto assassino de cada um. Depois que matei Eric, matar se tornou uma obsessão para mim, não consigo mais parar é uma necessidade constante. Eu estava admirada dele ter mantido aquela garota viva, mas depois do que a vi fazendo hoje eu diria que ele já estava esperando por isso, o que o torna uma pessoa extremamente assustadora. Perceba quando ele conversa conosco, ele sempre usa um tom irônico e sempre que vamos responder a ele, a gente pode perceber os seus olhos nos analisando minuciosamente, cada detalhe, cada movimento, cada respiração. Ele está sempre em constante análise sobre tudo a sua volta. Se tiver algo contra ele, é melhor tomar cuidado para não demonstrar. Apesar de tudo é um bom irmão, não tenho o que reclamar dele, sempre que precisei veio ao meu socorro, seria um erro de minha parte negar ajuda a ele nesse momento, só não entendo porque me chamar pra algo tão simples. Ele me deixou intrigada sobre me dar algo que eu sempre quis, nem eu sei exatamente do que se trata, também ele não me responderia. Ele é esperto, sabe que minha curiosidade para os seus mistérios é maior, perco até o sono se eu não descobrir o que é, e a única forma de descobrir é ajudando ele. Outra coisa que não entendo é o encanto que ele nutriu por essa tal de Izadora, mas enfim, vamos ver o que acontece pela manhã. Boa noite.”
Paula respondeu sua amiga e se deitou. De madrugada, ela se levantou, não conseguia dormir, a emoção de estar perto de sua amiga novamente era imensa, a garota estava feliz por aquilo. Paula estava se lembrando quando começou a ajudar Walmir e Mariana, apesar de conhecê-los desde a infância tudo aquilo era estranho, as mortes eram novidades para ela, mas ver os dois em ação curiosamente eliminava a depressão que ela tinha. Paula nunca matou ninguém, mas sempre fazia algo de útil para ajudá-los, eliminava provas, torturava pessoas para receber respostas, mas não tinha coragem de chegar ao fim, era sempre necessário que outro executasse o serviço. Moças como Paula eram importantes para o desenvolvimento do negócio segundo o Walmir. Jovens no auge de seus 20 e 22 anos eram mais atraentes e faziam com que o negócio fluísse mais satisfatoriamente. Mariana estava com seus 22 anos, era uma jovem de aparência meiga e inofensiva, o que tornava mais acessível a ela o contato com suas vítimas. Izadora tinha 19, para Walmir era algo valioso ter mais uma bela jovem no grupo, traria prosperidade para eles, isso sem contar que ele havia passado a gostar da garota e de sua personalidade decidida e corajosa, conhecer alguém assim trouxe uma satisfação imensa ao seu ser.
Walmir, que era um psicólogo notável. Sempre ajudava seus pacientes, nunca se ouviu reclamar de alguém que saiu de seu consultório com um problema pendente, ele parecia ler a mente das pessoas, ele trazia conforto e certeza a elas. Sempre fora uma boa pessoa, era religioso, talvez ainda o fosse, mas ignorava com medo de adquirir dores na consciência. Sempre gostou muito de filmes de terror, livros e músicas do gênero, sempre se interessou em estudas mentes “psicopatas”, lia muito sobre, mas nunca chegou a se especializar nessa área. Gostava de esportes, era alguém normal. Depois da morte de seus pais, a ficção tomou conta de seu eu, e a realidade parecia não existir mais para ele. Não se sabe ao certo se tudo isso que ele é agora estava adormecido nele ou se isso se deu com o choque dos acontecimentos, as coisas foram apenas dessa forma.
Já Izadora, não se sabe muito sobre seu passado. Walmir a conheceu na festa de aniversário de um sócio e conversou por um longo tempo com ela, sobre seus interesses, planos para o futuro e outras coisas mais. Ele parecia estar atraído por ela e ela por ele. No outro dia Walmir sequestrou a melhor amiga dela e obrigou Izadora a matar por ele, senão a amiga dela morreria. O homem não tinha qualquer motivo visível para tal ato até então. Estaria ele procurando liberar o instinto assassino da moça para que ela o aceitasse mais fácil? Até então é o que dava pra se perceber, ou então foi um golpe de sorte feliz da parte dele.
Todos se levantaram pela manhã e se organizaram. Walmir informou que não iria com eles, ficaria ali esperando respostas. E era de extrema importância que os mesmos arrumassem um carro qualquer na estrada para não levantar suspeitas. Mariana se prontificou a arrumar o veículo, pois era sua especialidade. O plano até então parecia simples, pois consistia em chegar ao local, entrar como visitante levando roupas e alimentos, encontrar o quarto de um homem chamado Ronaldo Braga e matá-lo. Se tudo desse errado, era necessário o plano B, que consistia em invadir o local, matar quem tentasse os impedir de continuar, localizar o alvo e terminar a missão, se seguissem esse plano, deveriam ser rápidos para não dar tempo de a polícia surpreendê-los. Walmir ainda sugeriu que se tivessem algum plano melhor, com alguma chance de dar certo, para que abandonassem os outros dois e seguirem aquilo que acreditavam ter sucesso. Os métodos de Walmir sempre agradaram Mariana, afinal ele sempre a deixou livre para executar tudo conforme os seus meios, pois sabia que sua irmã era dona de uma extrema competência nessa área, não foi à toa que ele a colocou como líder da missão.
Antes de partirem Walmir disse algo que deixou Mariana chocada: “_Maninha, o homem que você está para matar foi o principal culpado por tudo o que aconteceu à nossa família. Ele era o chefe de Eric na época e deve morrer. Tenho certeza de que era isso que você esperava durante todo esse tempo, esse era o presente que você esperava, tenho certeza de que irá adora essa missão.”
Mariana sorriu e disse que o “inseto” pagaria pelo que fez, ela agora tinha assumido um ar diferente, a disposição voltou ao seu rosto, estava disposta a fazer de tudo para matar aquele homem. Todos se juntaram e caminharam para a estrada.
Mariana e Izadora ficaram na estrada pedindo carona, enquanto os outros se esconderam em meio ao matagal. Passaram alguns minutos até que chegou um carro. Eram dois jovens, o que estava no banco de passageiros fumava maconha, parecia estar em êxtase, enquanto o que dirigia perguntou: ”_Querem carona gatinhas? Só o faremos se estiverem interessadas em busca de prazer.” Izadora caminhou até o motorista e disse: “_Todo o prazer que quiser.” Logo após de proferir tais palavras, ela rapidamente sacou uma navalha e rasgou o pescoço do jovem com uma calma e praticidade tamanhas que nem parecia estar assassinando alguém. O outro saiu correndo em desespero do carro, Caio saiu do matagal e parou o homem com um soco. O rapaz implorava pela sua vida, Paula parou por cima dele e falou: “Não o matem, deixem que o calor do porta-malas faça isso por ele e por mim.” Paula nunca gostou de matar ninguém, mas ver alguém morrendo era algo que trazia um prazer imenso para a garota.
Seguiram a viagem. Izadora dirigia o carro, Mariana no banco ao lado, nos bancos de trás estavam Paula, Caio no meio e Fernando do lado direito. No porta-malas estava o rapaz que haviam amarrado na estrada, conforme o pedido de Paula. Colocaram Misfits pra tocar enquanto seguia a viagem, aquele som era uma inspiração e tanto para eles. Depois de algumas horas chegaram ao local, Izadora iria entrar como visitante levando as roupas para caridade conforme o combinado. Mariana tinha um plano extra, Paula fingiria um ataque e Mariana estava ali para interná-la. Caio e Fernando ficariam do lado de fora servindo de vigias e deveriam estar prontos para a fuga dependendo do que acontecesse ali dentro. E assim foi.
Izadora entrou no local com as roupas, foi bem recebida e ficou ali trocando algumas palavras amigáveis com algumas enfermeiras. Mariana entrou logo depois com a amiga tendo um suposto ataque, foram acolhidas pelas enfermeiras que tentavam segurar Paula, que esperta e ciente do que deveria fazer, escapou das mãos das mesmas e correu em direção aos quartos com uma faca que havia escondido em sua roupa. Cada quarto tinha um nome, ela procurava ansiosamente por Ronaldo Braga. Mariana acompanhou a amiga e as enfermeiras, mas sua intenção era apenas a de achar o alvo. Izadora aproveitou a situação e assassinou a enfermeira que tinha ficado ali junto com ela com várias facadas no rosto. Jogou o corpo no banheiro e se vestiu de enfermeira, para que não fosse notada nos corredores se o plano de suas colegas de missão não corresse bem, assim o plano tinha uma chance maior de ter algum sucesso. Pegou um galão de gasolina que estava na cozinha e começou a espalhar por todo o corredor do hospital psiquiátrico.
Paula finalmente achou o quarto com o nome que procurava, entrou no local com bastante brutalidade arrombando a porta. Porém para espanto da jovem não tinha mais ninguém no local. A janela estava aberta e as grades totalmente torcidas. Sem pensar duas vezes a jovem pulou pela mesma. As enfermeiras param ali, Mariana abriu espaço e pulou logo atrás da amiga. As quatro enfermeiras ficaram ali no quarto, perguntando umas as outras o que estava acontecendo ali, quando estavam para sair se depararam com Izadora. A jovem soltou uma gargalhada, adentrou o quarto e jogou o restante da gasolina nas pobres enfermeiras. Logo depois soltou o galão e sorriu para elas que permaneciam imóveis e assustadas com a situação. Izadora caminhou até a janela, subiu nela, parou, olhou para trás, tirou um isqueiro do bolso, ascendeu o mesmo e mandou um beijo e o isqueiro em direção às enfermeiras, pulando logo em seguida. Lá de baixo Izadora conseguiu escutar os gritos desesperados e agonizantes das moças que logo seriam apenas churrasco.
Enquanto isso, Paula continuava a correr até que chegou ao carro em que estavam seus outros dois parceiros de missão. A jovem assustou-se com o que via. Fernando estava com o crânio esmagado ao chão enquanto que Caio estava morto em cima do capô do carro, com as tripas à mostra.
Mariana estava chegando quando viu algo que a fez gritar: “_Paula, cuidado. Atrás de você.” A Garota mal conseguiu se virar e tomou uma machadada na cabeça. Do rosto de Mariana escorreu uma lágrima e uma raiva imensa. Correu até lá apenas com a faca que havia carregado desde então. Ficou cara a cara com o homem, um careca de 1,80, no seu uniforme estava estampado seu nome. Ronaldo dirigiu as seguintes palavras para Mariana: “_Venha, pode me matar, mas diga ao seu querido irmão que já sabíamos de tudo o que estava a acontecer. Ele confia demais nas pessoas e acha que sabe de tudo. Mas ele não sabe de absolutamente nada.” E fazendo um sinal, um rapaz saiu de trás do carro. Para espanto de Mariana, o homem que surgiu ali era seu irmão que ela acreditava ter matado anos atrás. Mariana tomou então um golpe pelas costas e caiu desmaiada.
Acordou amarrada numa cadeira em um apartamento, em volta dela estavam Ronaldo, um outro homem com o nome de Suzano e Eric. Mariana ainda estava atordoada com tudo aquilo, Eric então pegou uma cadeira e sentou-se em frente à moça: “_Sei que você deve estar bem confusa em relação a tudo isso Mariana, mas quero que saiba que nada disso é culpa sua e sim do nosso irmão. Iremos matar o Walmir, já que não sobrou mais ninguém para ajudá-lo, matamos a todos que estavam no hospital psiquiátrico aquele dia. Neste momento estão indo um total de 12 homens para o depósito, ele não tem chance alguma contra eles.”
Mariana amaldiçoou Eric: “_Você foi um erro da natureza Eric, eu te odeio. Enganou-nos todo esse tempo, achávamos que estaria morto, eu passei anos com remorso por ter tirado a sua vida e agora descubro que você nos enganou. Tudo foi culpa sua, nunca foi culpa do Walmir. Se ele teve culpa em algo, foi a idiotice dele em ter confiado naquela vadia (Mariana se referia a Izadora), eu ainda tentei avisar o maninho, cadê ela, traga ela aqui, quero poder olhar pra cara dela.”
Eric fez uma cara de quem não entendeu: “_Do que você está falando, sua amiguinha foi morta bem na sua frente, não estou te entendendo Mariana.” Foi a vez de a jovem fazer cara de confusão, quando de repente Fernanda, a irmã mais velha de Paula entrou na sala toda sorridente, o que fez com que Mariana ficasse mais confusa ainda.
Eric completou: “_Ameaçamos a Paula, a fizemos acreditar que sequestramos a irmã dela, enquanto que a própria Fernanda planejou tudo, um plano muito inteligente não foi? Paula não deixaria sua bela irmãzinha morrer, afinal prometemos a ela que não mataríamos você, o alvo seria apenas o Walmir e os outros dois.”
Fernanda estava dando gargalhadas em um canto da sala e olhava com tom de desprezo para o lado de Mariana, enquanto que esta estava a pensar como Paula podia ter feito aquilo, ela realmente tinha sido muito ingênua em acreditar que a irmã havia sido sequestrada. Um fato curioso foi o de não mencionarem em momento algum o nome de Izadora, foi como se não soubessem da existência dela, Paula com certeza não falou sobre ela, talvez essa seria a carta na manga da garota caso tudo desse errado. Se Izadora não estava do lado deles, com certeza ela ainda poderia dar uma ajuda a Walmir, mas ainda sim não teriam chance contra doze homens armados, a não ser que conseguissem um golpe de sorte.
Finalmente chamaram ao telefone, era um dos capangas de Eric: “_Senhor,  o depósito do seu irmão está totalmente destruído, não dá pra saber o que houve aqui, alguém parece ter detonado o local, curiosamente passamos em frente ao hospital psiquiátrico e o mesmo foi consumido pelas chamas. Não há evidências de onde o Walmir possa estar.”
Eric jogou o telefone ao chão e gritou: “_Maldição, maldito seja aquele bastardo, eu mesmo irei atrás dele, nossos homens são uns incompetentes.” Eric saiu do quarto batendo a porta. Ronaldo deu uma ordem para que Suzano seguisse Eric e assim foi. Ronaldo saiu do quarto após alguns minutos deixando Fernanda e Mariana sozinhas.
Eric estava caminhando em direção ao seu carro na garagem quando foi surpreendido por Walmir, começaram então uma luta. Uma troca de socos enfeitava a paisagem. Eric caiu com o nariz quebrado, Walmir deu mais um chute no rosto do irmão e cuspiu dizendo: “_Seu monte de lixo, isso é pelo que fez aos nossos pais.” Assim que acabou de falar foi surpreendido por um golpe de Suzano e caiu ao chão. O rapaz tinha uma barra de ferro em mãos e acertou em cheio as costas de Walmir. Eric começou a dar gargalhadas, dizendo: “_Esse é o seu fim irmãozinho.” Mas Walmir permanecia tranquilo e deixou escapar uma leve risada: “_Olhe novamente seu verme”
Naquele momento os olhos de Eric se encheram de terror, Suzano estava sendo degolado vivo por uma simples jovem que mais parecia um demônio cruel. Deliciada com o que acabara de fazer, Izadora foi até o Walmir e o ajudou a se levantar. Izadora perguntou o que fariam com o outro, Walmir carregou Eric pelas costas e disse a Izadora: “Siga-me, este é o troféu da Mariana.”
Enquanto isso, Fernanda estava se divertindo no quarto com Mariana, ela dava tapas na cara da jovem, cuspia e ainda praguejava contra a própria irmã que eles tinham matado: “_Muito bem Mariana, a Paula se revelou uma idiota não foi, ela sempre foi, assim como você e aquele seu irmão de merda. Irão todos cair, um a um...” Enquanto falava foi interrompida por Walmir, que adentrou o local arrombando a porta com um chute. Izadora entrou rapidamente e rendeu Fernanda. Mariana implorou para que Izadora não a matasse, pois aquela era dela.
Walmir jogou Eric em um canto, o rapaz parecia estar inconsciente. Deixou- o lá por enquanto e desamarrou Mariana. Logo Izadora soltou Fernanda e jogou a faca para Mariana, esta foi caminhando na direção da Fernanda, que se movia com terror um passo de cada vez para trás.
Foi quando Ronaldo surgiu na porta e deu um tiro nas costas de Mariana, Izadora rapidamente correu na direção do homem, lutou contra ele, durante a luta ela moveu o revólver na direção da boca de Ronaldo e um lindo barulho botava fim à vida daquele maldito, seus miolos se espalharam com um sincronismo incrível junto ao seu sangue. Fernanda aproveitou tudo aquilo e correu para o banheiro. Walmir foi atrás, mas quando chegou lá a mulher já havia escapado pela janela. Preocupado com sua irmã ele voltou para a sala. Foi quando teve uma desagradável surpresa. Izadora estava de refém, Eric com um revólver encostado na cabeça da jovem. Ele deu algumas gargalhadas e falou: “_Muito bom Walmir, finalmente tudo acabou como eu queria. Sua princesinha está para ter os miolos estourados, sua irmãzinha querida já está morta (dando um empurrão nela com os pés para dar ênfase ao que falava). Agora é você quem irá morrer.”
Eric tirou a arma da cabeça de Izadora e apontou em direção ao seu irmão, mas ainda manteve a jovem presa pelo pescoço. Nesse momento Mariana agarrou a calça de Eric e falou: ”Não se atreva filho da puta.” Eric riu da cena e disse: “_Olha só quem ainda está viva, que bonitinho, o amor entre a família é lindo. Agora pare e observe a morte de seu irmão, daqui a pouco será a sua vez.” Assim que ele acabou de dizer estas palavras, uma faca passou por seu maxilar, atravessando sua cabeça de cima para baixo. O mundo parou, Izadora tinha uma faca guardada em sua roupa e a pegou enquanto o rapaz havia se distraído com Mariana, logo enfiou a faca no rapaz de forma teatral, digna de uma cena de hollywood. Sem forças para apertar o gatilho, Eric deixou o revólver cair e ficou de joelhos olhando com os olhos assustados e agonizantes na direção do Walmir, este virou para Izadora sem mostrar sentimento algum pelo irmão e falou: “_Acabe o que começou.” A jovem retirou a faca do maxilar do rapaz, este caiu sangrando e gemendo ainda com vida. A jovem pegou o revólver que estava ao chão e deu dois tiros no rosto do rapaz acabando com a dor do mesmo e o deixando irreconhecível.
Walmir e Izadora se apressaram em saírem dali para tentar salvar Mariana. Tempos depois Mariana estava acordando, agora estavam em um novo depósito. Walmir estava sorridente: “_Maninha, você finalmente acordou, como se sente?” Mariana respondeu: “_Mais ou menos maninho, me diga que tudo foi apenas um sonho.” Walmir balançou negativamente com a cabeça e continuou: “_Eu e a Izadora estávamos esperando que você acordasse, tenho uma nova missão para vocês duas logo.”
Mariana falou em tom de desprezo: “_Sinto muito maninho, não estou com disposição para nada. A vida não tem mais sentido. Matar pessoas na estrada já está ficando chato, foram poucas as vezes que achei pessoas interessantes, seria melhor se eu tivesse morrido.” Walmir caiu em gargalhadas, ao que Mariana ficou confusa. Seu irmão então falou: “Tenho certeza de que você mais do que ninguém quer fazer uma visitinha à Fernanda.” Mariana se interessou: “Onde ela está?” Walmir respondeu: “_Calma, uma coisa de cada vez. Isso é o que teremos de descobrir, enquanto você se recupera Izadora irá investigar, quando tudo estiver pronto iremos atrás dela, mas já aviso, não será fácil, pois toda a organização de Ronaldo agora está nas mãos dela.”
Mariana virou-se para o lado, de dentro dos seus olhos dava pra se enxergar apenas o ódio que ela sentia pela Fernanda. Izadora se sentou em uma poltrona e permaneceu sorridente, pois acabara de passar por uma aventura e logo teria outra, sua sede por sangue estava cada vez maior. Já Walmir, com toda a sua calma e bom humor, olhou para as duas garotas e para ele mesmo e fez uma piadinha qualquer: “Aquilo que não nos mata, com certeza também não engorda.”

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